Carlos Silva Filho fala durante videoconferência do CIESP Jundiaí sobre resíduos plásticos, com prateleiras de livros ao fundo e interface online mostrando os demais participantes.
Foto: Divulgação/ CIESP Jundiaí

O Departamento de Meio Ambiente do CIESP Jundiaí promoveu na última terça-feira (16) um debate sobre a necessidade de soluções eficazes para os resíduos plásticos. O evento, realizado por videoconferência, foi conduzido por Marcelo Souza, diretor de Meio Ambiente, e contou com a participação de Carlos Silva Filho, membro do Conselho Consultivo de Resíduos da ONU.

A gravidade do problema

Carlos apresentou um panorama alarmante: nas últimas décadas, a geração de resíduos sólidos cresceu 80%. “38% dos resíduos ainda vão para destinos inadequados e apenas 19% são reciclados”, destacou. Ele também alertou que 2,7 bilhões de pessoas ainda não têm coleta de lixo domiciliar.

Segundo o especialista, o custo global atual da gestão de resíduos é de US$ 360 bilhões, podendo chegar a US$ 640 bilhões até 2050 se nenhuma medida for adotada. “Diante de tudo isso, o que fazer para mudar essa realidade? Essa conta será impagável para o mundo todo”, reforçou.

Economia Circular como saída

Para reverter o cenário, Carlos defendeu a implementação da Economia Circular, que, de acordo com estudos, poderia gerar uma receita líquida de US$ 108 bilhões. “A mudança na produção, no consumo, na redução dos desperdícios e no uso dos recursos naturais pode transformar o problema em oportunidade”, explicou.

Negociações internacionais sem consenso

O especialista detalhou o processo das Nações Unidas, que em março de 2022 criou o Comitê de Negociação Intergovernamental (INC) para elaborar um tratado internacional sobre a poluição por plásticos. Desde então, foram realizadas sete sessões, em países como Uruguai, França, Quênia, Canadá e Suíça.

“O INC5.2, apesar de ter sido a reunião mais longa de todo esse processo, foi encerrado sem consenso devido às diferenças entre os países. Mas o que temos que ter em mente é que o problema dos resíduos não tem fronteiras e a má gestão de um país pode afetar outros”, afirmou Carlos.

Sem acordo, ainda não há documento oficial sobre a gestão de resíduos. “Uma coisa é certa: essa discussão e a busca por soluções é um caminho sem volta. Temos que combater a poluição como um todo”, acrescentou.

Indústria deve agir de forma preventiva

Para Marcelo Souza, especialista em Economia Circular, a mensagem é clara: a indústria precisa se antecipar. “Este encontro trouxe informações relevantes que precisamos estar cientes, acompanhando. Fica aqui o alerta: fazer a gestão dos resíduos sólidos por antecipação e prevenção, ao invés de esperar para fazer de forma reativa. Nós podemos construir isso juntos, elaborar um guia para as indústrias, pensando na implementação da economia circular”, defendeu.

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