
Nesta segunda-feira (29), o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que está de mudança, temporariamente, para o Palácio dos Bandeirantes, que fica localizando no bairro do Morumbi e é sede do governo paulista. A decisão foi tomada com base em ameaças extremistas que ele vem sofrendo.
O governador afirma em nota que “o negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais” e que tem ultrapassado os limites “com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos”.
Manifestações
Diversas manifestações vêm sendo realizadas nas últimas semanas contra João Doria, pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Em uma delas, no dia 19 de março, manifestantes utilizaram caixas de som com músicas em apoio ao presidente, além de cartazes e bandeiras do Brasil, próximo ao quarteirão da casa do governador, na Avenida Europa. Policiais Militares e do Batalhão de Choque estavam no local. Em duas semanas, foi a terceira manifestação contra o tucano.
Policiais identificaram um dos manifestantes gritar “tem que morrer”, enquanto outros diziam “fora, Doria”, por isso, houve o aumento de equipes para proteger o governador.
Por meio das medidas de segurança tomadas para diminuir a propagação do coronavírus, grupos de apoio ao Bolsonaro vêm pedindo a saída do governador, já que o presidente é contra o fechamento do comércio.
Veja comunicado na íntegra:
O negacionismo na pandemia deixou de ser um delírio das redes sociais, provocado pela paixão política, e está se tornando algo muito mais perigoso para a vida, a ciência e a democracia: uma seita intolerante e autoritária.
Tenho enfrentado os seguidores dessa seita com inquéritos policiais e ações judiciais, com medidas sanitárias e vacinas, instrumentos da lei e da razão.
O fanatismo ideológico, porém, ignora a racionalidade e a legalidade. Ele tem ultrapassado os limites do embate político e do questionamento técnico com ameaças à segurança da minha família e agressivas manifestações na porta da minha residência, perturbando o bairro e vizinhos.
Diante do radicalismo, decidi me mudar para o Palácio dos Bandeirantes. Ao menos, temporariamente.
Regredimos a tempos obscuros em que a integridade física daqueles que defendem a vida e a democracia está sob ameaça.
Vivi esse mesmo sentimento quando acompanhei meu pai no exílio, um democrata cassado pela ditadura. Dessa vez, no entanto, não haverá exílio, nem ditadura. Haverá ciência, vacinas, vidas salvas e democracia.
Meu desprezo por estes extremistas que ameaçam a mim, a minha família e ameaçam pessoas que defendem a vida. É uma decisão difícil, mas necessária nesse momento de muita intolerância ao pensamento contraditório, de belicismo verborrágico e de cegueira ideológica.