Pernas de mulher sentada
Foto: Racool_Studio/Freepik

Dia 6 do 9 – não ironicamente – é celebrado o Dia do Sexo. A data reforça os cuidados e o zelo pelo bem-estar e curiosidade pela sua sexualidade. Além disso, estamos em um período na história onde falar sobre sexo está se tornando cada vez mais comum, e ainda bem por isso.

Conversar sobre intimidades e saúde sexual nos ajuda, como sociedade, a prevenir muitos problemas, desde ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), até casos de abuso sexual mascarados de “conduta normal”.

Com a internet ainda, os jovens abrem espaço para falar abertamente sobre suas sexualidades e sobre sexo. Assim, o mercado de conteúdo sexual também cresceu, não como a pornografia “antiga”, mas como uma oportunidade de negócios, diga-se assim.

Pornografia tradicional e liberdade sexual

O Tribuna de Jundiaí conversou com uma jovem de 21 anos, que vive em Várzea Paulista, e descobriu na produção de conteúdo sensual uma forma de se expressar, amar seu corpo e ainda conseguir independência.

Ela pediu privacidade quanto a sua identidade, então nesta matéria, a chamaremos por seu alter ego artístico, Bunny Hot.

Bunny demonstra muita confiança com seu corpo hoje, mas contou que nem sempre foi assim. “Tive acesso a pornografia desde a adolescência e minha visão de liberdade sexual e corpo feminino era muito distorcida. Venho mudando meus pensamentos sobre o assunto há anos”, explicou.

E essa afirmação não está longe da realidade de muitos jovens que consumem ou consumiram pornografia desde muito novos. A “pornografia tradicional” apresenta uma relação bruta, irreal e, na maioria das vezes, desrespeitosa com a imagem feminina. Quem sabe, sabe, como é difícil ser um jovem na puberdade, constantemente se comparando com algo mentiroso assim.

“Quando você assiste um pornô, seja em sites ou vídeos que chegam em grupos de WhatsApp, você não tem certeza se aquela atriz está contente e satisfeita com o que está acontecendo, se aquele prazer é real ou se aquele sexo é consentido. O que eu apresento ao meu público é um corpo real, expressões reais, é uma mulher explorando seu corpo e respeitando seus limites”, comenta Bunny.

O tabu da sexualidade

Eu, Evelyn, a jornalista que vos escreve, fiz meu TCC na faculdade sobre sexualidade da mulher. E mesmo já sabendo o que me esperava, me surpreendeu como o tema é descriminalizado e um tabu para muitas pessoas, e em geral mulheres. Mas a culpa não cai sobre elas.

No decorrer da história nos cercaram com mitos e palavras de ordem que nos tiraram a liberdade sexual. Portanto, sei do que falo quando bato na tecla – literalmente – de que mulheres precisam saber mais, e conversar sobre assuntos considerados “delicados”, com amigas, com nossas médicas, com terapeutas, ou com as redes sociais (o que for mais confortável, um passo de cada vez).

‘Aprendi a respeitar meu corpo’

Bunny iniciou sua participação no mercado da sexualidade. A princípio, como empresária no ramo do prazer.

“Há 3 anos iniciei um projeto de vendas de produtos eróticos, conversamos com as cliente vi que elas tinhas as mesmas aflições que eu durante as atividades sexuais. Então comecei a buscar formas de trazer a autoestima das minhas clientes e durante o processo eu me via crescendo e aprendendo cada dia mais sobre meu corpo e meus desejos.”

Bunny decidiu presentear seu namorado, há 2 anos, com fotos sensuais, convencida por uma fotógrafa que a ajudou no processo. “Durante as fotos pude perceber que a curiosidade de conhecer meu corpo e explorar minha sensualidade se expandia”, contou.

“Tive o privilégio de me ver de outras formas e amar os detalhes no meu corpo. Me senti livre e confiante, compartilhei minhas expectativas e experiência com meus seguidores do Instagram e me motivaram a entrar em uma plataforma de vendas de conteúdo sensual.” E foi o que ela fez.

“No início tive muito medo de como seria a aceitação do público. Com passar dos meses vejo que a forma como me mostro confiante e segura de mim melhora a auto confiança de quem assiste.” Hoje, a jovem de 21 anos tem assinantes que conversam com ela através de um chat, e Bunny compartilha de bom grado seu trabalho, que ela categoriza como “fotos sensuais e nu artístico”.

“Sou artista e busco constantemente me expressar”, destaca.

Muitas pessoas têm opiniões contrárias ao trabalho de pessoas em plataformas de criação de conteúdo sensual. Cada um obviamente está aberto a ter sua opinião. Ainda assim, é sempre inspirador, pelo menos para mim, ver mulheres crescendo financeiramente, mas também descobrindo o que amam fazer, de forma segura e saudável, com autonomia. Assim, encerramos mais um artigo. Dessa vez, um mais polêmico. Um Feliz Dia do Sexo para todos!