
Uma pesquisa realizada pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) comprovou que o teste de HPV baseado em DNA é mais eficaz na detecção de câncer de colo de útero que o exame de Papanicolau, usado para identificar células já doentes no organismo.
De acordo com o estudo, a detecção do câncer nas mulheres que fizeram o teste de DNA-HPV foi antecipada em 10 anos, em estágios iniciais. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer do colo do útero é causado pela infecção persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV.
Pesquisa
O estudo da Unicamp foi realizado em parceria com a Prefeitura Municipal de Indaiatuba, entre outubro de 2017 a março de 2020, com cobertura de mais de 80% da população-alvo. A cidade tinha o maior índice de informatização de saúde e de cartão do SUS (Sistema Único de Saúde) da região de Campinas.
Júlio Cesar Teixeira, pesquisador principal do estudo e diretor de Oncologia do Hospital da Mulher (Caism) da Unicamp, disse ao UOL que o exame de Papanicolau alcançava apenas 30% das mulheres-alvo. Com o teste HPV-DNA, a cobertura subiu para 90% em mulheres com a faixa etária média de 39 anos.
“Em dois anos e meio, detectamos 21 casos de câncer na população, sendo que 14 eram microscópicos”, acrescentou.
No programa anterior, que utilizava o Papanicolau como exame preventivo, foram identificados 12 cânceres de colo de útero detectados. Destes, apenas um era microscópico, e os demais estavam em estágio avançado. Além disso, a idade média desses casos era 49 anos.
Análise preventiva
“Com o novo teste, detectamos os cânceres que iriam surgir nos próximos dez anos na cidade. Nós já detectamos em fases iniciais, com chances de cura próximas de 100%”, explica Teixeira.
“Você faz uma triagem dessas pessoas. Quem tem o vírus, eu vou olhar para o segundo teste, que pode ser a citologia [Papanicolau] ou já olhar diretamente o colo, com uma colposcopia, que é um exame como uma lente de aumento para ver se ela já tem alguma lesão pré-câncer. Você acaba detectando antes de virar uma lesão em muitas mulheres”, explica.
Ainda de acordo com o pesquisador, a vacina do HPV, que tem como público-alvo crianças e adolescentes de 9 a 15 anos, deve diminuir a circulação do vírus, dificultando o rastreamento pela citologia.
“Pela vacina, elas vão ter muito menos alterações, porque vão ter muito menos HPV. Então, o Papanicolau não vai conseguir detectar nada nessa população futura, vai ter que ser um teste de HPV”. relata.
“Um teste de HPV negativo garante cinco anos de risco zero para ter alguma doença importante, então você espaça mais.”
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