Jovem faz ensaio emocionante antes de amputação da perna
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Em um emocionante ensaio, jovem se despede de perna antes da amputação

“Fiz essas fotos pra me lembrar dela, mesmo após longos anos sofrendo. Ela faz parte de quem eu sou”, diz Vic Alvarenga, de 28 anos.

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Vic antes da amputação, à esquerda; vic pós-amputação à direita.
Vic conquistou sua autonomia após cessar as cirurgias que te traziam dores (Foto: Arquivo pessoal)

Vic Alvarenga, de 28 anos, viralizou no aplicativo Threads com uma publicação que mostrava um ensaio fotográfico de despedida de uma de suas pernas. “Fiz essas fotos pra me lembrar dela, mesmo após longos anos sofrendo. Ela faz parte de quem eu sou”, diz em publicação.

E o Tribuna de Jundiaí conversou com Vic, que não só fez um ensaio fotográfico de despedida, como também nos mostra o significado de superação e de autonomia após a amputação.

O que levou Vic à amputação da perna? 

Vic, que hoje atua como social media em Curitiba (PR), conta que quando tinha por volta de um ano de idade começou apresentar alguns sinais diferentes no processo de engatinhar e andar. “Minha mãe me levava nos médicos e [eles] sempre diziam que não era nada, que era só ela deixar me desenvolver, me colocar para andar na grama, areia”, detalha. 

Mas sua mãe não desistiu e persistiu até que, com 5 anos de idade, uns médicos que estavam em conferência descobriram que a dor na perna impedia ela de andar. E com isso, o caminho de Vic cruzou com o do Dr. Luiz, que examinou e descobriu que ela tinha uma deficiência física, pé torto congênito. 

E assim, seu tratamento começou com cirurgias de correção do tendão e fisioterapias. No entanto, a social media detalha que em certo momento sua mãe adoeceu e ficou sem a rede de apoio, com isso seu quadro também foi se agravando. 

“O tratamento era soltar o tendão, fazer umas cirurgias mais “simples”, passou a ser pior, mais delicada e complexa. Com o passar do tempo tive a deformação do osso, aí os dedos, enfim, toda a minha perna do joelho pra baixo, o desenvolvimento dela, começou a ser prejudicado”, conta a social media.

Com o quadro mais agravado, os médicos começaram uma nova investigação, onde foi constatado que “havia algo cerebral”. “A gente fez alguns exames e, realmente, foi detectado que, na perna direita, do joelho para baixo, a minha perna não respondia a um desenvolvimento comum, um desenvolvimento normal”, lembra a jovem.

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Tratamentos médicos mais intensos

Se antes já era uma jornada árdua, Vic conta que após o último diagnóstico passou a ser algo mais doloroso ainda, usando fixador externo por quase três anos. “Fiz cirurgias de correção. Usei gesso por muito tempo. Só andava de muletas e tinha muitas dores na perna. E esse era um dos principais motivos para insistir tanto no tratamento, porque eu quase não conseguia andar. Minha vida foi inteiramente pautada no meu tratamento”, afirma. 

E entre um tratamento e outro, a sua mãe, que fez tratamento no Hospital das Clínicas de São Paulo, se recuperou e a jovem se sentiu confiante novamente. Mas um tempo depois, surgiu um tumor por conta do número de cirurgias que fez para corrigir a perna.

O tumor chamado desmóide afetou se alojou em seu tornozelo e coxa e, apesar de benigno, era muito agressivo. “Ele crescia muito rápido, doía muito e era inflamatório”, diz a jovem. “Quando ele estava no pico da inflamação, eu mal conseguia ficar sentada. E aí começou uma nova luta de tratar esse tumor, de conseguir diminuir ele. Eu fiz uma cirurgia, mas infelizmente, ele voltou”, completa.

Alvarenga conta que o tumor voltou três meses após a cirurgia e, com isso, ela foi transferida para o Instituto de Câncer da Cidade de São Paulo (ICESP), onde iniciou um novo tratamento. “Eu passei por quimioterapia oral, que não teve tanto resultado, e aí a quimioterapia intravenosa, que teve o maior resultado. Então, o meu tumor diminuiu bastante, a dor que eu sentia também amenizou. E aí, eu consegui retomar o meu tratamento para a deficiência”, revela.

E na última tentativa, ela fez uma cirurgia que não deu certo e, com isso, as dores começaram a ser intensas. “O médico disse para esperar a medicina evoluir para daqui 15 anos ter algo assertivo. Naquele momento, de ver minha mãe a vida inteira abdicando de coisas para cuidar de mim […] de passar dificuldades por não conseguir trabalhar”, afirma, revelando que começou a pensar na amputação como uma alternativa. 

“Tudo pode mudar” e a sensação de “viver”

Com todos esses sentimentos, Vic fez uma reunião familiar e falou sobre a amputação, pois já havia visto casos parecidos de pessoas que optaram pela amputação do membro e em conversa com médicos ela decidiu que seria o melhor caminho.

O tratamento foi todo realizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e levou cerca de um ano para a cirurgia da amputação acontecer e, além disso, Vic precisou fazer uma vaquinha online para arrecadar recursos para comprar uma prótese segura, de alta durabilidade e confortável. “Uma prótese  varia de 18 a 50 mil, lógico, depende do nível de amputação e a minha amputação é transtibial. E aí, eu fui atrás, né? Eu queria muito a amputação, eu vi que realmente era uma possibilidade pra mim”, conta.

A social media arrecadou o recurso financeiro em oito meses com a vaquinha e ajuda da Igreja Católica que frequenta para seu pós-amputação.

“Foi a melhor decisão que eu já tomei, muitas coisas mudaram, né? A amputação me deu possibilidade de andar sem dor. A minha prótese tem um sistema muito bom, que me permite ter mobilidade, me permite ter praticidade, e depois disso, eu comecei a estudar, comecei minha faculdade, hoje eu tô indo pro terceiro ano em Publicidade e Propaganda”, declara.

Vic, agora que ganhou sua autonomia, tem inúmeros sonhos e, entre eles, está o sonho de presentear a sua mãe com uma casa. 

Agora, ela comemora por “não precisar fazer cirurgia atrás de cirurgia”. “Eu sei que, para muitas pessoas que sofrem acidente, é uma mudança muito drástica. As pessoas tinham duas pernas saudáveis, faziam coisas normais e perderam isso. Então eu sempre costumo falar que, para mim, que escolhi amputar, porque tinha uma dificuldade, uma necessidade, é diferente de quem perde por acidente”, reflete.

A decisão foi acompanhada por psicólogos e por familiares que sempre a apoiaram. “Se a gente tem apoio dos nossos familiares, se a gente está, embasada numa certeza de que a vida pode ser boa, ela realmente pode ser boa, sabe?”, indaga.

E ela diz para aqueles que estão passando por uma situação parecida não desistir e tentar viver o melhor que puder. “Mesmo que muitas vezes isso signifique lutar contra o preconceito, contra a comparação, contra as dificuldades da vida. A vida pode ser vivida e vivida bem”, finaliza.

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Caminhão quebrado na rodovia Dom Pedro I causa congestionamento

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Trânsito na Rodovia Dom Pedro I
Foto: Divulgação/Rota das Bandeiras

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Rodovias Anhanguera-Bandeirantes | interdição
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