Julgamento Caso Marielle
Foto: Divulgação/Brunno Dantas/TJ-RJ

O julgamento do Caso Marielle, o qual os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram acusados de assassinarem a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, teve início na manhã de quarta-feira (30) e encerrou na quinta-feira (31), com a leitura da sentença pela juíza Lúcia Glioche. Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses de prisão, enquanto Queiroz recebeu uma pena de 59 anos e 8 meses.

Além das penas de prisão, ambos os réus foram condenados a cumprir outras obrigações:

  • Pensão: Os réus devem pagar uma pensão ao filho de Anderson Gomes até que ele complete 24 anos.
  • Indenização: Lessa e Queiroz foram obrigados a pagar R$ 706 mil por danos morais para cada uma das vítimas, incluindo o filho e a viúva de Anderson, além da filha, viúva e mãe de Marielle Franco.

A juíza do Caso Marielle, Lúcia Glioche, negou aos réus o direito de recorrerem em liberdade, mantendo a prisão preventiva.

“Fica aqui, para os acusados presentes — e serve para os vários Ronnies e Élcios que existem por aí soltos — a seguinte mensagem: a Justiça, por vezes, é lenta, cega, injusta, torta, mas ela chega. A Justiça chega mesmo para aqueles que, como os acusados, acham que jamais serão atingidos por ela”, declarou a juíza.

Acusações e argumentos da promotoria

A dupla foi acusada de duplo homicídio triplamente qualificado, incluindo emboscada e a tentativa de homicídio de Fernanda Chaves, única sobrevivente. Segundo o promotor Eduardo Martins, Lessa pretendia matar todos no carro para evitar testemunhas, caracterizando o crime do Caso Marielle, como uma queima de arquivo.

Em sua fala, ele destacou a intenção de Lessa de impedir qualquer possibilidade de identificação por parte das vítimas.

O Ministério Público reforçou sua argumentação apresentando imagens do carro após o ataque e evidências das pesquisas na internet realizadas por Lessa, que, segundo as investigações, sugerem planejamento minucioso.

Defesa e alegações dos réus

As defesas de Lessa e Queiroz pediram a condenação dos réus, mas solicitaram penas justas de acordo com a participação de cada um. O advogado de Lessa mencionou que seu cliente decidiu colaborar com as investigações após a entrada da Polícia Federal no caso.

A advogada de Queiroz afirmou que ele desconhecia os detalhes do crime até pouco antes de sua execução e pediu que sua pena fosse reduzida, alegando que ele atuou apenas como motorista, enquanto Lessa planejou e executou os disparos.

Depoimentos das testemunhas e dos réus

Durante o julgamento, testemunhas como Fernanda Chaves, sobrevivente do Caso Marielle, relataram o momento do crime. A mãe e a viúva de Marielle também prestaram depoimento, relembrando o impacto do assassinato na família. Entre os peritos e investigadores ouvidos estavam o delegado da Polícia Federal e o agente da Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Ronnie Lessa afirmou que o crime foi motivado por um pagamento de R$ 25 milhões. Em contrapartida, Élcio Queiroz alegou não saber da real intenção do ato até que Lessa retirou uma submetralhadora com silenciador antes de atirar contra o carro das vítimas.

Histórico do Caso Marielle Franco

O assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018, resultou em uma série de investigações que revelaram o envolvimento de milícias do Rio de Janeiro e disputas territoriais. O Caso Marielle ganhou notoriedade, gerando investigações federais e prisões de supostos mandantes em março de 2024.

Em delação premiada, Lessa afirmou que havia interesse financeiro e miliciano no crime, evidenciando uma disputa por terras como motivação para a execução de Marielle. As investigações continuam, com novas suspeitas e frentes investigativas.

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