
No dia 11 de junho, o treinador de ciclismo Bruno Goia (31) percorreu 365 quilômetros de bicicleta, de Sorocaba até Aparecida, em São Paulo, para homenagear a mãe, Antônia, que morreu em 2019. De acordo com Bruno, a mãe já havia se curado de um câncer de mama em 2005 e estava se tratando de outra doença há alguns anos.
Antônia tinha uma complicação intestinal inflamatória e crônica que afeta o revestimento do trato digestivo, chamada de doença de Crohn e, no fim de agosto de 2019, teve uma infecção urinária, o que fez com que ela ficasse muito fraca. “Ela estava muito fraca, voltou do hospital com quase 10 quilos a menos e piorou. Eu cuidei dela por uns dois ou três meses em casa, mas ela não aguentou, foi internada de novo e não voltou mais”, explica Bruno.
Bruno contou ao G1 que se preparou por três semanas para completar o desafio na véspera do aniversário da mãe. O ciclista batizou o percurso como “caminho da Toninha”. “Somos católicos e ela sempre foi devota de Nossa Senhora”, comentou.

“Foi difícil. É um pouco complicado se preparar, porque é muito mais psicológico. Tem que estar preparado fisicamente, mas administrar a cabeça é muito maior. Eu parti com um sentimento de tristeza por homenagear alguém que não está mais entre nós”, explica.
Registro do caminho
Bruno saiu de Sorocaba no dia 11 de junho, às 6h, rumo a Aparecida, com o objetivo de completar o trajeto de 365 km em 24 horas. Dessa forma, um de seus amigos o incentivou a registrar os momentos com fotos e vídeos.
Assim, mais quatro pessoas divididas em dois carros acompanharam Bruno pelo caminho, tirando fotos do ciclista. “Eu fiz o percurso com tempo, foi algo de performance e a gente parava para comer a cada duas horas. A competição mesmo era comigo, me superar a cada hora”.
A equipe precisou se separar próximos a Joanópolis, depois das 18h, e Bruno seguiu sozinho, o que, para ele, resultou nos momentos mais difíceis. “Estava escuro, era 2h30, logo depois da represa, tinha uma serração e isso foi até umas 4h. Foi 100% psicológico. Nesse momento, eu acho que é quando você vai estar mais frágil, você coloca a dificuldade em primeiro plano e foi nessa hora que eu senti minha mãe”, relatou Bruno.
“Da mesma forma que ela sofreu, eu estava vivendo aquilo, eu senti aquela força que ela teve.”
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‘Desabei, chorei e agradeci’
A emoção foi enorme quando o ciclista chegou aos últimos 15 quilômetros até a Basílica de Aparecida. “Foi naquela rampa, deve ter um 200 metros para chegar à igreja, eu já desabei, chorei e agradeci. A conta veio, tudo aquilo que eu estava tendo que fingir que não estava passando, segurando, eu soltei, não tinha força nem para subir”, continua.
“Foi uma forma de lembrar dela e ajudar as pessoas também, muitas pessoas se identificaram. Mesmo que a pessoa tenha partido, ainda tem um pouco dela em você. Procure abraçar mãe e pai, aproveite esses momentos, vale muito mais que um bem material, trocar um fim de semana por balada do que ficar junto. Ficar junto vale muito mais que qualquer coisa”, conclui Bruno.
‘Caminho da Toninha’
Bruno contou que muitas pessoas têm mandado mensagem para ele após saberem da história, pedindo instruções sobre o “Caminho da Toninha”. Com isso, o ciclista estuda como sinalizar o trajeto.
“Recebi muitas mensagens, muitos pedindo o caminho para realizar. Eu mesmo montei a rota, tomei o cuidado de colocar as melhores rotas e disponibilizei com a opção de carro, bike, de qualquer jeito.”

 
					 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		 
			
		