Criança de comunidade diz que não gosta de helicóptero porque ele atira e as pessoas morrem
Criança de comunidade diz que não gosta de helicóptero porque ele atira e as pessoas morrem

“Não gosto do helicóptero porque ele atira para baixo e as pessoas morrem”, escreveu uma criança, que não especifica nome ou idade, para os desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Mais de 1.500 cartas e desenhos foram reunidos pela ONG Redes da Maré e entregues à Justiça na última segunda-feira junto com a petição de que fosse restabelecida uma Ação Civil Pública que regula e restringe as operações policiais no Complexo de Favelas da Maré.

Aceita pela Justiça no segundo semestre de 2017, ajudou a diminuir todos os índices de violência ao longo de um ano, mas acabou suspensa em junho de 2019. Diante do apelo dos moradores, acabou revalidada nesta quarta-feira, restabelecendo parâmetros mínimos para as ações, como a exigência da presença de uma ambulância e o veto a operações durante o horário de entrada e saída de alunos das escolas.

Na imagem, um colorido desenho acompanha a mensasagem, onde mostra um helicóptero da polícia com agentes armados atirando em direção ao solo, onde há um traficante mas também crianças.

Elas correm. “Isso é errado”, completou o pequeno morador do Complexo de Favelas da Maré, um conjunto de 16 comunidades pobres da zona norte da capital onde cerca de 140.000 pessoas moram.

Uma outra carta, enviada por Letícia, fala sobre ter perdido um familiar próximo nas operações.

“Boa tarde, eu queria que parasse a operação porque muitas famílias serão mortas e, agora, estou sem quarto porque vocês destruíram na operação”, escreveu. “Todo mundo na minha escola chora. Meu irmão por causa dos policiais. E eles bateram no meu primo. Então, não quero mais ver minha família morrendo quando entram. Vocês avisem, tá? Obrigada por ler minha carta. Assinado, Letícia”.

[tdj-leia-tambem]

Um boletim semestral publicado pela Redes da Maré nesta semana mostra que 27 pessoas morreram apenas no primeiro semestre de 2019, 10% a mais que ao longo de todo o ano de 2018, quando 24 pessoas foram mortas. Além disso, 15 pessoas faleceram durante as 21 operações policiais ocorridas no primeiro semestre; as outras 12 morreram durante os 10 confrontos entre facções criminosas que dominam as comunidades da Maré.

Com informações do El País.