Pessoas em igreja - Dia do Evangélico
Foto: Arquivo Pessoal

O Dia do Evangélico, comemorado neste sábado, 30 de novembro, é uma data dedicada a celebrar a fé, os valores e o impacto social das comunidades evangélicas em todo o Brasil. Reconhecida oficialmente em diversos estados e municípios, a data não só homenageia os fiéis, mas também convida à reflexão sobre o crescimento expressivo dessa religião no país.

Em Jundiaí, de acordo com os registros do IBGE de 2010, a cidade já contava com 75.387 pessoas que se declararam evangélicas, sendo 41.056 mulheres e 34.331 homens. Esses números refletem a força e a representatividade dessa comunidade no município, que segue crescendo e marcando presença em diferentes áreas, como ações sociais, música, cultura e até na política.

O Tribuna de Jundiaí conversou com algumas pessoas sobre o Dia do Evangélico e o impacto desta religião em suas vidas. Alguns, eram de outras religiões mas se converteram há pouco. Outros, nascer em berço evangélico e seguem praticando sua fé na denominação. Confira.

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Pastor destaca importância do Dia do Evangélico e missão cristã

O pastor Paulo Ricardo de Oliveira, líder da Igreja Batista Manancial Jundiaí e morador do bairro Jundiaí Mirim, reflete que o Dia do Evangélico representa o reconhecimento da sociedade sobre a relevância da fé cristã evangélica para o Brasil. “Ser cristão evangélico é demonstrar o amor de Cristo Jesus baseado nos princípios bíblicos estabelecidos por Nosso Senhor. É um marco para todos os evangélicos do Brasil.”

Paulo Ricardo atribui o crescimento da comunidade evangélica no país ao dinamismo das igrejas em atender às diversas demandas do povo brasileiro. “A Igreja Evangélica reúne fiéis de todas as camadas sociais, apresentando respostas bíblicas às necessidades de cada uma delas. Isso ocorre pelo caráter missional da igreja, que segue o mandamento do ‘IDE’ de Jesus.”

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O pastor também destaca o papel ativo das igrejas no atendimento às necessidades da sociedade. “Os evangélicos estão espalhados por todo o Brasil, transmitindo a Palavra de Deus e demonstrando o amor de Jesus Cristo. Atuamos nas periferias, no sertão, entre indígenas e ribeirinhos, com empresários, profissionais liberais e até nos presídios e comunidades de dependentes químicos. Além disso, seguimos a ordenança de Jesus ao cuidar de órfãos, viúvas e marginalizados.” Para ele, a essência do evangelho está em sua simplicidade.

“Não é extravagante. Viver o evangelho é obedecer aos ensinamentos da Bíblia Sagrada, amando a Deus e as pessoas, e testemunhando a veracidade do Reino de Deus.”

“Nunca retrocedam diante das adversidades. Jesus nos advertiu sobre isso. Mantenham a fé fundamentada na Palavra de Deus e exerçam a autoridade que Cristo dá a todos que creem Nele. Sigamos avante, pois nenhum esforço é vão no Senhor. Ser evangélico é um privilégio santo. Sejam embaixadores de Cristo onde estiverem. Deus abençoe a todos, no amor do Senhor Jesus Cristo.”

Uma vida transformada

Cíntia Souza, jornalista de 54 anos e moradora do Jardim Santa Gertrudes, em Jundiaí, compartilhou sua história de conversão à fé evangélica, um processo que começou em 2017 de forma inesperada, mas transformadora.

Na época, durante um dia de trabalho em Santa Bárbara d’Oeste, ela assistiu a um vídeo sobre oração espontânea e, impactada pela mensagem, decidiu conversar com Deus enquanto dirigia. Mais tarde, ao chegar na empresa, foi abordada por uma senhora que afirmou ter uma mensagem de Deus para ela: “Deus pede pra dizer que te ama muito, que Ele chega a ter até ciúmes de você e ouviu a sua oração.”

“Ainda não sei explicar o que senti naquele momento: não sabia se ria ou chorava, tamanha a minha alegria. Eu só conseguia pensar: ‘Deus me ouviu’. Naquele mesmo dia visitei uma igreja evangélica e outras duas até me encontrar na Batista.” Cintia compartilha que foi batizada na igreja Batista dois meses após sua conversão. “Continuo firme na fé até hoje e a cada dia mais agradecida por esta dádiva e a certeza da salvação.”

Foto: Arquivo Pessoal

A jornalista jundiaiense conta que cresceu em uma família católica, participando ativamente de pastorais e eventos, e diz que sempre sentiu que buscava algo a mais.

“Um domingo, entrando na igreja, conversei com a imagem do Bom Jesus que estava na porta. Lembro-me como se fosse hoje: ‘Senhor, eu sei que o Senhor não está nesta imagem, mas preciso da sua ajuda: não sei o que fazer, a igreja católica é a minha referência de vida, mas meu coração queima na evangélica, me ajuda a entender que caminho eu devo seguir”.

Esse anseio foi preenchido quando, em uma missa, refletiu sobre o evangelho de João 14:6 e entendeu onde deveria estar.

“Jesus disse: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai, senão por mim’. Naquele momento, […] tomei minha decisão.”

Desde a conversão, Cíntia afirma que sua vida mudou completamente, tanto no exterior quanto no interior. “Sou uma nova criatura, tenho um Pai que não abandona. É uma alegria tão grande que você quer que todo mundo conheça essa verdade.” Hoje, ela se sente plenamente acolhida na Igreja Batista Manancial Jundiaí, liderada pelo pastor Paulo Oliveira. Ela conta que, lá, encontrou uma família, cura para suas dores e uma oportunidade de servir no ministério de comunicação, utilizando os dons que acredita terem sido dados por Deus.

Cíntia deixa uma mensagem inspiradora: “Todos os dias, Deus tem um chamado para cada um de nós. Basta que estejamos com o coração aberto para ouvir a Sua voz. Jesus está te chamando e, se você leu esta matéria, sabe do que eu estou falando!”

Jornada de fé

Johnny Christian Pereira de Souza, morador de Campo Limpo Paulista, compartilhou sua trajetória de fé, marcada por desafios, transformações e reencontros com a espiritualidade. Criado em uma família cristã, ele recorda sua infância frequentando a igreja católica com a mãe, embora sentisse que era algo obrigatório. Já com o pai, a experiência foi diferente: “Ele me convidava para ir à igreja evangélica, mas nunca me obrigava. Tenho boas memórias da escola dominical e das atividades de férias.”

A adolescência, porém, trouxe mudanças. Após a separação dos pais, Johnny relata ter enfrentado preconceitos dentro da igreja por ser filho de pais separados. “Algumas pessoas pararam de falar comigo. Isso me levou a me rebelar.” Ele começou a fumar e beber escondido, comportamento que o afastou da espiritualidade. Foi então que uma ex-namorada o apresentou ao candomblé, onde encontrou apoio para superar vícios e aprender sobre respeito e caráter. “Sou muito grato, eles me ajudaram muito.”

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Dois anos atrás, a atual noiva o convidou para conhecer a Congregação Cristã no Brasil (CCB). Johnny aceitou, inicialmente sem grandes expectativas, mas foi recebido de braços abertos. A mudança começou em um culto, quando ouviu um cooperador questionar: “Você que diz que Deus não fala com você, mas você ora? Você jejua? Dobra seus joelhos?” Essas palavras o impactaram profundamente.

“Foi como um soco na cara. Decidi mudar minhas atitudes e comecei a falar mais de Deus para as pessoas.”

O ponto culminante dessa jornada ocorreu em 11 de outubro de 2024, durante um batismo em Cabreúva. Durante as orações, Johnny sentiu que recebeu a confirmação divina para seguir esse caminho: “Deus me chamou para as águas do santo batismo.” Hoje, ele encara sua caminhada cristã como um processo contínuo, reconhecendo que ainda há muito a melhorar. “Ser cristão é uma batalha diária. O fácil sempre chama mais atenção, mas como minha ex-psicóloga dizia, a zona de conforto nem sempre é confortável.”

“Tenham bom ânimo. Às vezes parece que tudo está dando errado, mas ore, peça ajuda a Deus e divida seu fardo com Ele. A caminhada se torna mais leve.”

Desejo genuíno de buscar a Deus

Renata dos Santos Lima, moradora de Várzea Paulista, compartilhou como a fé desempenhou um papel fundamental em sua vida. Criada em um lar evangélico, ela afirma que essa vivência a moldou.

“Crescer em um lar evangélico influenciou muito, me deu uma visão mais ampla sobre minhas atitudes, modo de pensar, agir e, principalmente, minha fé.”

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Desde cedo, Renata sentiu um desejo genuíno de buscar a Deus. Para ela, a experiência com a oração e a fé é um ciclo de aprendizado e motivação. “Conforme você crê, ora por algo, agradece e o Senhor atende, acredito que isso nos motiva a ter uma fé inabalável, mesmo que às vezes a resposta não seja a nossa vontade, mas sim a do Senhor.”

“Saber que o Senhor está comigo, até mesmo quando não mereço, e que a maior prova de amor foi Ele ter morrido por nós na cruz, perdoando nossos pecados, é algo que não tem preço.”

Como conselho para aqueles que buscam uma vida de fé, Renata reforça a importância da oração e da leitura da Bíblia. “Peça a Deus sabedoria e discernimento. Leia a Bíblia, o livro mais sagrado que Ele nos deixou, como um dicionário que conduz a tirar dúvidas e incertezas. Ele nos guia para uma vida próspera, abençoada e feliz, que nos levará à salvação.”