Irmãs gêmeas
Elas são gêmeas, uma tem síndrome de Down, mas a vida fez delas mãe e filha

Graziela e Rafaela Altino Gomes são irmãs gêmeas bivitelinas, geradas em placentas diferentes, Rafaela é portadora da Síndrome de Down. “Um caso raro: 1 a cada 1 milhão”, explica Graziela.

Mas, o que chama a atenção da história de duas é que Graziela se tornou mãe de Rafaela após a morte de sua mãe, em 2004. Graziela conta que sua mãe era separada de seu pai e, assim, ela pediu a guarda da irmã.

“Eu consegui a guarda de Rafaela há 12 anos. Em 2008, consegui a curatela dela (guarda de uma pessoa maior de 18 anos)”, recorda a jovem.

Graziela teve que amadurecer mais cedo que a maioria dos jovens de sua idade para superar a falta da mãe e cuidar da irmã gêmea: “não foi nada fácil”.

“Eu tive um luto bem complicado. Sofri muito para entender Deus, e o motivo, foi bem difícil para gente. Então eu me fechei pro mundo. Eu tinha tudo para ser ruim depois da morte de minha mãe. Mas, fiquei por ela e aprendo a perdoar, sentir, querer viver com ela. Rafaela é minha vida. Não sei o que seria de mim como ser humano se não fosse ela”, diz Graziela.

Hoje, as duas vivem em Nova Cruz, interior do Rio Grande do Norte, e eventualmente conversa com o pai, que mora em outro estado. “Financeiramente não [temos problemas]. Eu trabalho e a Rafa tem a pensão dela, lutei pelos direitos dela. Somos simples, mas graças a Deus não nos falta nada material”, afirma Graziela, que é médica veterinária.

Sempre que pode, Graziela acompanha a Rafaela na fonoaudióloga, na psicóloga e na escola, a irmã estuda em uma escola adaptada e está no 7º ano.

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Primeira homenagem como mãe de Rafaela

Este ano, pela primeira vez, Graziela aceitou ser homenageada na escola e receber o presente do Dia das Mães.

“Foi o primeiro Dia das Mães que aceitei participar na escola dela. Ela me pedia e nunca tinha conseguido ir, mas esse ano nós fomos. Foi duro, chorei muito. Hoje, eu consigo entender e sentir isso. Sou sim a mãe dela, e amo ser!”.

Recentemente, teve a festa junina na escola e as duas também se divertiram: “Eu aprendi a coreografia para poder ajudá-la [na apresentação]”, revela.

Graziela acredita que a cumplicidade das duas vai além de serem gêmeas, mãe ou filha:

“Acredito que vai além de laços sanguíneos. A gente viveu outras vidas juntas, não sei como. Mas, sabe aquele negócio de gêmeos sentir as coisas dos outros? Nós somos assim. Ela é o que conheço de melhor nesse mundo”.

Fonte: Razões para Acreditar