
Por volta das 21h35 de terça-feira (15), uma bola de fogo brilhante foi vista cruzando o céu de São Paulo e do Paraná. Várias câmeras de monitoramento conseguiram registrar o momento em que o meteoro entrou na atmosfera da Terra.
Entre elas, três estações da Bramon (Rede Brasileira de Observação de Meteoros), que ficam em Nhandeara e Indiaporã, no norte de São Paulo. Além disso, outras cinco câmeras do Clima ao Vivo, em São Paulo e no Paraná também registraram o evento meteorológico. No entanto, o tempo chuvoso prejudicou alguns dos registros.
Mas um fotógrafo tirou a sorte grande. André Casagrande estava tirando fotos das estrelas em Primeiro de Maio, no Paraná, quando a rocha espacial cruzou o céu em sua frente. O local fica às margens do rio Paranapanema, divisa de Paraná com São Paulo.
A visão do meteoro durou pouco mais de 10 segundos e o fotógrafo conseguiu registrar o momento com a foto incrível (no início da matéria).
“Como estamos falando de uma câmera profissional, podemos ver o fenômeno com mais definição e com suas cores bem definidas. É um registro único e histórico”, disse Alexsandro Mota, astrofotógrafo e fundador do projeto Mistérios do Espaço.
A bola de fogo
A princípio, especialistas imaginaram que a rocha espacial se tratava de um meteoro do tipo “earthgrazer” (arranha-terra, em tradução livre). Este tipo de meteoro entra na atmosfera terrestre superior, não queima por completo, “quica” e volta para o espaço.
No entanto, analisando as imagens e relatos de um estrondo ouvido pelos moradores das cidades, concluiu-se que o fenômeno era na verdade uma “fireball” (bola de fogo). Essa é mais brilhante que as estrelas e os planetas. De acordo com cálculos dos especialistas, a fireball brilhou 100 vezes mais que o planeta Vênus, que é o objeto mais luminoso no céu depois da Lua.
Além disso, outra característica do fenômeno foi sua velocidade. “Ele foi, relativamente, muito lento. Sua velocidade foi baixa porque ele atingiu a Terra de Oeste para Leste, no mesmo sentido da rotação e do deslocamento do nosso planeta ao redor do Sol”, conta Marcelo Zurita, diretor técnico da Bramon.
Segundo as análises preliminares da Bramon, o meteoro atingiu a atmosfera da Terra em uma velocidade de 13,52 km por segundo, que é cerca de 34,4 mil km por hora. Os estudiosos destacam que o estampido ouvido por algumas pessoas não significa impacto com o solo. Este foi o estampido sônico resultado de um deslocamento abrupto do ar nas camadas mais baixas da atmosfera.
“Há uma boa chance de encontrarmos meteoritos em solo naquela região do estado. A Bramon ainda está trabalhando nos cálculos para estimar a massa inicial da rocha espacial e o quanto dela teria resistido à passagem atmosférica”, disse Zurita.