Jovens grávidas
Foto: Canva Pro

Uma pesquisa realizada a pedido do Ministério da Saúde mostrou que 20% de meninas que engravidaram ainda na adolescência diz não saber como evitar ter filhos. Além disso, a mesma porcentagem engravida novamente antes da maioridade.

A pesquisa entrevistou 1.177 mulheres de cinco regiões do Brasil, usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Assim, o objetivo do Ministério da Saúde é usar os resultados para criar novas ações de prevenção de gravidez na adolescência.

O país teve uma queda no número de gestações até os 19 anos, mas ainda tem uma taxa de 43,1 nascimento para cada 1 mil adolescentes. Esse número é mais que o triplo de países europeus e da América do Norte, com a taxa em 12,57. De acordo com o levantamento, cerca de mil adolescentes dão à luz por dia no Brasil.

Pesquisa sobre gravidez na adolescência

O estudo foi liderado pelo Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), através do Programa de Apoio do Desenvolvimento Institucional (Proadi) do Sistema Único de Saúde. Esse levantamento avaliou os impactos biológicos, sociais e psicológicos da gravidez na adolescência.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gestação na adolescência está diretamente associada a maiores riscos obstétricos. Além disso, é a principal causa de meninas abandonarem a escola.

O levantamento avaliou mães de 10 a 19 anos e seus filhos, comparadas a mães adultas de 20 a 29 anos. Segundo a pesquisa, 2,12% das adolescentes tiveram seus filhos entre 10 e 14 anos – situação considerada estupro de vulnerável, ainda que uma relação consentida. Só em 2022, o Brasil registrou mais de 14 mil nascimentos com mães nesta faixa etária.

As jovens analisadas relaram que tiveram a primeira relação sexual com, em média, 14 anos, e a primeira gravidez aos 16. Já as mães adultas tiveram a primeira relação sexual em média aos 16 anos e a primeira gravidez aos 22. Mais de 64% das mães adolescentes relataram que engravidaram “acidentalmente”. Entre as mães adultas, a taxa é de 51,5%.

De acordo com a pesquisa, os principais fatores que contribuem para a gravidez não planejada na adolescência são a escassez de educação e de informações sobre sexualidade. Menos de 10% das jovens entrevistadas disseram que receberam as informações de profissionais da saúde.

Abandono

O levantamento aponta ainda que 25% dos pais abandonaram as mulheres que engravidaram na adolescência ao descobrir a gestação. 10% delas não mantiveram vínculo com o parceiro. Ainda 8,8% das jovens relata falta de apoio da família.

Ainda, 65% das meninas relataram que a vida social ficou mais difícil e 58% perderam amigos após a gestação. Dezessete por cento consideram a gravidez como o pior período de suas vidas.

Mais de dois terços das mães adolescentes não estudavam quando o filho nasceu e 79% não estudavam quando foram entrevistadas. Apesar destes números. 40% das jovens entrevistadas disseram que queriam ser mães.

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