
O Brasil se prepara para enfrentar uma nova onda de calor em setembro, com temperaturas que podem ultrapassar os 40ºC em diversas regiões, especialmente no Centro-Oeste. Segundo a Climatempo, essa nova massa de ar quente e seco começará a se estabelecer a partir de segunda-feira, dia 2, marcando o início de um período prolongado de calor que poderá durar até meados da segunda quinzena do mês.
Os meteorologistas não descartam a possibilidade de novos recordes de temperatura. De acordo com Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, “o Centro-Oeste, especialmente o Mato Grosso, deve registrar mais de 40°C. Estados como Rondônia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo também devem se aproximar dos 40°C”.
Luengo também alerta que, com essa onda de calor no final do inverno, algumas regiões poderão registrar as temperaturas mais altas para esta época dos últimos anos.
Com a chegada dessa onda de calor, a umidade do ar em várias regiões poderá atingir níveis críticos, abaixo de 12%, especialmente no sul de Mato Grosso, interior de São Paulo, Triângulo Mineiro, centro-norte e nordeste de Mato Grosso do Sul e sul de Goiás. Essa condição, associada ao tempo seco e à atmosfera estagnada, deve agravar a concentração de poluentes, comprometendo a qualidade do ar.

O que é uma onda de calor?
Uma onda de calor é um fenômeno meteorológico caracterizado por temperaturas significativamente acima da média por um período prolongado. Para que uma onda de calor seja oficialmente reconhecida, as temperaturas precisam ficar ao menos 5ºC acima da média por cinco dias ou mais. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) define a onda de calor como um aumento de 5ºC na temperatura em relação à média mensal, independentemente da duração.
Por que acontecem em setembro?
As ondas de calor são comuns em setembro, durante a transição do inverno para a primavera, quando a insolação e a radiação solar aumentam. Esse processo aquece o solo e o ar, elevando as temperaturas. As condições secas do final do inverno também contribuem para esse aquecimento. Nos últimos anos, essas ondas têm se tornado mais intensas e prolongadas, com as chuvas ocorrendo somente a partir da segunda quinzena de setembro até o início de outubro.
Formação e frequência das ondas de calor
Fatores climáticos
As ondas de calor dependem de dois fatores principais: massas de ar quente e seco e bloqueios atmosféricos. Estes bloqueios são circulações de ventos no alto da atmosfera que atuam como barreiras, impedindo o avanço de massas de ar e frentes frias. Sem a entrada de umidade, a massa de ar quente se fortalece, desencadeando a onda de calor.
Quando são mais comuns?
As ondas de calor ocorrem com maior frequência durante a transição entre a primavera e o verão, quando a Terra está mais exposta ao Sol. A falta de chuva e de nuvens contribui para o aumento das temperaturas, tornando essa época especialmente propícia para o fenômeno.
Aumento da frequência de ondas de calor
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado ondas de calor com maior frequência. Em 2024, por exemplo, o país já enfrentou três ondas de calor. Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, atribui esse aumento às mudanças climáticas, que têm causado eventos meteorológicos mais extremos e frequentes.
Os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que o número de dias com temperaturas atípicas aumentou significativamente ao longo das décadas. Enquanto até os anos 1990 eram registrados, em média, sete dias por ano sob efeito de ondas de calor, esse número subiu para mais de 50 dias na última década.
Esse aumento foi observado em praticamente todo o Brasil, exceto na região Sul, parte do sul de São Paulo e sul de Mato Grosso do Sul, onde a incidência de ondas de calor foi menor. Esses dados ressaltam a importância de se preparar para um cenário de calor extremo cada vez mais comum.
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