Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Mais de duas semanas após o início das inundações, a água ainda baixa lentamente na Zona Norte de Porto Alegre. Em um ponto de resgate e acolhimento montado por voluntários no cruzamento das avenidas Benjamin Constant e Caiurú, no bairro Navegantes, a equipe segue incansável na missão de auxiliar os moradores atingidos pela enchente.

Só no último sábado (18), 37 pessoas foram resgatadas, segundo Edmilson Brizola, um dos voluntários. Morador da região, ele estima que mais de 5 mil pessoas e 2 mil animais já receberam ajuda nesse ponto. As embarcações navegam pelas ruas alagadas, levando mantimentos e oferecendo apoio psicológico aos que perderam seus lares.

A aposentada Marlene Terezinha Silveira, moradora do Sarandi, buscava roupas e cobertores no local. Sua casa ainda está submersa e ela teme grandes prejuízos. “Fui lá hoje, de barco, mas só pra ver por cima. Moro há 60 anos no Sarandí, costuma alagar, às vezes perto do portão, mas não assim. Nunca imaginei isso na minha vida”, desabafa.

Duas semanas após as fortes chuvas, alguns bairros de Porto Alegre continuam alagados. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A Zona Norte concentra os maiores desafios da enchente. A Avenida Cairú ainda está alagada em um trecho de mais de 1,5 mil metros, e a energia foi cortada para evitar acidentes. Equipes de salvamento e voluntários distribuem pilhas, baterias, alimentos e outros itens de primeira necessidade.

O ponto de acolhimento se assemelha a um acampamento, com diversas barracas divididas em áreas específicas: atendimento médico, farmácia, alimentação, roupas e cobertores, apoio psicológico e transporte solidário. Há também uma oficina improvisada e um local para abastecimento das embarcações.

Corpo de Bombeiros, policiais e voluntários também levam comida para as pessoas que decidiram ficar nas suas casas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A logística de resgate de animais inclui primeiros socorros veterinários e um abrigo provisório. A médica veterinária Sheila Kircher, que perdeu uma amiga na tragédia, se dedica ao trabalho solidário para ajudar os animais. “Eu perdi uma amiga na enchente e fiquei me sentindo muito impotente sem poder ajudá-la no momento que ela precisou. Então, também, para ocupar a cabeça, eu achei melhor vir e ajudar no que eu podia, né?”, conta.

Dezenas de animais, ainda sem seus tutores, aguardam por adoção. Mais de 12 mil animais já foram resgatados no estado, segundo o governo gaúcho. Para auxiliar na acolhida, o governo federal enviou 20 toneladas de ração e itens para pets. Campanhas de adoção nas redes sociais também têm mobilizado pessoas em todo o país.

Parte inferior do Viaduto José Eduardo Utzig foi transformada em um centro de acolhimento, com estações para prestar diferentes serviços para as pessoas resgatadas. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

A força dos voluntários e a solidariedade da comunidade são fundamentais para auxiliar as vítimas da enchente na Zona Norte de Porto Alegre. A luta pela reconstrução da vida das pessoas e animais atingidos pela tragédia ainda é longa, mas a esperança e a união demonstradas nesse momento difícil são um sopro de luz em meio à devastação.

Com informações da Agência Brasil