Renato saltando.
Foto: Arquivo pessoal

Renato Onorato, de 42 anos, morador de Itatiba (SP), está prestes a viver um dos momentos mais marcantes de sua trajetória no esporte. O atleta de paraquedismo foi selecionado para representar o Brasil no Recorde Sul-Americano 120way, que será realizado nos Estados Unidos, em junho deste ano.

O desafio reunirá cerca de 150 atletas, incluindo comissão técnica, com o objetivo de formar, durante a queda livre, uma figura aérea composta por 120 paraquedistas simultaneamente — algo que não acontece desde 2013, quando foi registrado o recorde anterior com 103 atletas.

Do sonho de infância ao céu como palco

Renato conta em entrevista exclusiva ao Tribuna de Jundiaí, que iniciou no paraquedismo em 2021, com formação no Centro Nacional de Paraquedismo, em Boituva (SP).

Renato foi um dos selecionados para viver o desafio nos EUA (Foto: Arquivo pessoal)

Segundo ele, a paixão pelo esporte começou ainda na infância, influenciado por um grande nome da modalidade. “O desejo de ser paraquedista existiu desde garoto. Fui muito influenciado por um grande atleta que via na TV e que hoje é um amigo e referência para mim: Luiz Henrique ‘Sabiá’”, relembra.

Antes de encontrar sua vocação no paraquedismo, ele já era adepto de esportes radicais como mountain bike e alpinismo. “Encontrei no paraquedismo a possibilidade de aprender algo que está muito além dos nossos hábitos mundanos: a capacidade de voar o corpo em queda livre”, afirma.

O que são as grandes formações no paraquedismo?

Renato atua em uma categoria chamada “grandes formações”, também conhecida como big ways, que consiste em formar figuras no ar com dezenas ou centenas de atletas durante a queda livre.

“É uma modalidade que exige habilidade, precisão e muito planejamento, tanto dos atletas quanto dos pilotos das aeronaves”, explica.

“Big Ways” é uma modalidade que forma figuras no ar (Foto: Arquivo pessoal)

[tdj-leia-tambem]

Representando o Brasil em um recorde histórico

A seleção de Renato para o Recorde Sul-Americano 120way veio através do comitê organizador Team of Teams, formado por atletas e ex-atletas de alta performance da América Latina. “Eles são responsáveis por selecionar rigorosamente os participantes de diversos países. É uma honra estar entre os escolhidos”, celebra.

O recorde será realizado na Carolina do Norte, e contará com uma estrutura robusta. “Seremos aproximadamente 150 atletas, incluindo comissão técnica. A meta é construir uma figura aérea com 120 paraquedistas em queda livre. O último feito desse porte foi em 2013”, relata.

Rotina de treinos e preparação intensa

Para alcançar esse feito, Renato tem passado por uma preparação intensa, que inclui tanto o condicionamento físico quanto o mental.

“Durante a pré-temporada, a maioria dos atletas aumenta o número de saltos e foca no fortalecimento muscular. Também treinamos no solo, os chamados ‘dirt dives’, além de saltar com equipamentos pesados em condições extremas de altitude e frio”, detalha.

O trabalho mental é tão essencial quanto o físico. “Praticamos mentalização e respiração. Muitos atletas recorrem à meditação e à yoga. Ter a mente tranquila é essencial para um salto bem-sucedido”, destaca.

Desafios, conquistas e reconhecimento

O maior obstáculo, segundo Renato, é superar o medo inicial. “O primeiro desafio de todo paraquedista é sair do avião. Depois disso, o esporte nos proporciona aprendizados eternos. O 120way será meu maior desafio até agora”, confessa.

Mesmo com pouca familiaridade local com o esporte, ele já virou referência na cidade.

“Quando digo que sou paraquedista, as pessoas ficam curiosas, pedem vídeos, fotos. Já virou meu cartão de visitas: ‘o Renato, aquele paraquedista’. Poucos conhecem, mas muitos se encantam”, conta.

Um dos saltos de Renato (Foto: Arquivo pessoal)

Experiências e superações além do céu

Embora já tenha participado de campeonatos nacionais, sua trajetória internacional foi marcada por expedições de montanhismo na Cordilheira dos Andes. “Escalei montanhas acima dos 6 mil metros. Hoje não pratico mais esse esporte, é um pouco mais arriscado. Meu pai não aguenta mais me ver nessas aventuras”, brinca.

Para Renato, o paraquedismo vai além da adrenalina. “É um esporte que testa nossos limites, nos ensina a ter foco, disciplina e a confiar no outro. Voar em grupo é uma das experiências mais intensas que já vivi. A responsabilidade é compartilhada. Todos precisam estar em sintonia.”

Mensagem para novos paraquedistas

O atleta deixa um recado para quem deseja conhecer mais sobre o esporte:

“Visite uma área de salto, converse com os paraquedistas e faça um salto duplo. Se você olhar para o céu e desejar estar lá em cima de novo, talvez esse esporte seja para você. É uma jornada transformadora. O paraquedismo é uma grande família que acolhe a todos de braços abertos. Céu azul e pousos suaves.”

Renato está otimista com a sua participação (Foto: Arquivo pessoal)

📝 Participe do nosso grupo exclusivo de vagas de empregos e receba diariamente as novidades direto no seu WhatsApp! Acesse e faça parte da nossa comunidade 👉 https://bit.ly/Tribuna-de-Jundiaí-Emprego-4