Foto: Gaspar Nóbrega/COB
Foto: Gaspar Nóbrega/COB

Pedro Barros, medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, passou praticamente todos os seus 26 anos em contato com o skate, já que, com um aninho, descobriu o equipamento depois que um amigo da família deixou um de seus shapes na casa dos Barros, em Florianópolis.

Já com 14 anos, no X-Games de Los Angeles de 2009, foi pela primeira vez ao pódio de um grande evento internacional ao ficar em terceiro lugar no Vert. “A minha vida era o skate. Se você me perguntasse como eu queria morrer, e existia muito essa pergunta quando eu era criancinha, era com um skate debaixo do meu braço ou andando de skate. Espero que não seja andando, mas com o skate debaixo do braço seria bom, até” disse, em entrevista ao Globo Esporte em 2019.

Essa relação íntima e duradora atingiu seu ponto alto nesta quinta-feira (5) no Japão, quando conquistou a medalha de prata na modalidade park nas Olimpíadas de Tóquio – que marcaram a estreia do skate no programa olímpico. Pedro acabou superado apenas pelo australiano Keegan Palmer, que levou o ouro e é fã do brasileiro. “Eu fui para o Brasil quando tinha dez anos e o Pedro me deixou ficar na casa dele. Meu pai estava junto. Existe uma grande família. Nós nos conhecemos há tempos e estar no pódio com ele é uma grande honra” comentou Palmer, de 18 anos.

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Depois da conquista da prata, ele exaltou a experiência de ter convivido por dias a fio na Vila Olímpica com os amigos de sempre do skate, muito mais do que a medalha em si. “Podemos enviar uma mensagem maravilhosa [por meio dessa medalha]. É muito maior do que qualquer outro título que ganhei no skate. Maior do que qualquer outra coisa que ganhei em minha vida porque tenho certeza de que a mensagem que sempre quis passar alcançará seu objetivo. A mensagem de respeito, a mensagem de que podemos cair e nos levantar novamente e nos levantar e continuar lutando” afirmou o brasileiro.

Ele soube se levantar quando passou pelo momento mais delicado de sua carreira, no início de 2018. Durante a disputa do Vert Jam, em Itajaí, em Santa Catarina, ele foi flagrado no antidoping com uma substância derivada da maconha. Poderia ter pego uma suspensão de até dois anos, porém painel da Justiça Desportiva Antidopagem deu-lhe uma sanção retroativa de seis meses (que começou a contar a partir de janeiro de 2018). O consumo de maconha é comum na comunidade do skate e a manutenção dela na lista de substâncias proibidas do Código Mundial Antidoping é centro de discussão.

O skatista ainda diz que quer dominar o shape, que considera uma extensão de seu corpo. “Hoje não é mágico só porque tenho uma medalha no pescoço. É mágico porque eu fui capaz, junto com meus amigos, de escrever história. Estamos fazendo do esporte um lugar melhor, um mundo melhor. É disso que se trata. O skate é uma comunidade, é um estilo de vida. Vai muito além de um esporte” afirmou.

Ao longo de sua carreira, Pedro sofreu fraturas no braço, no cotovelo e na clavícula, algo que considera absolutamente normal para alguém que passa tanto tempo sobre um instrumento de trabalho arriscado como o dele.