
A elefanta Ramba desembarcou no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), no início da manhã desta quarta-feira (16). O animal é o primeiro a ser recebido no terminal de cargas e exigiu reforço na segurança.
Com uma megaoperação de mais de quatro horas, o desembarque da elefanta contou com guindaste, empilhadeira e uma equipe de 30 pessoas exclusivamente para atuar na recepção. Além, é claro, de uma faixa: “Seja bem-vinda ao Brasil”.
Ramba é a última elefanta de circo do Chile e o trâmite para que ela fosse transferida ao Brasil durou seis anos, dois deles só dedicados à logística da viagem. Há denúncias de que ela sofria maus-tratos.
A elefanta de 53 anos é asiática e tem alguns problemas de saúde. Ela viajou por três horas em um boeing 744 vindo de Rancagua e chegou às 5h48 em Campinas. Ela pesa 3,6 toneladas e será levada via terrestre ao Santuário de Elefantes do Brasil (SEB), na Chapada dos Guimarães (MT).
O presidente do santuário, Scott Blais, é americano e tem experiência em resgate de 50 elefantes. A operação da Ramba foi bem-sucedida e o estado geral dela está bom, mas, por conta dos maus-tratos, será feita uma avaliação minuciosa da saúde na chegada ao Mato Grosso.
“Precisamos cada vez mais fazer esse resgate para que outros elefantes não morram em cativeiros”, afirmou Blais, emocionado.
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Viajou sem sedativos
Voluntária do Santuário de Elefantes do Brasil, Titina Leão acompanhou o voo. Segundo ela, a viagem foi tranquila, Ramba veio acordada e não precisou de sedativos.
“Elefante é, na maior parte do tempo, um animal tranquilo, e ela estava acostumada a ser transportada, por conta do circo. Agora, finalmente, nós vamos conseguir libertá-la dessa punição, porque ficar presa é uma punição. Quando você comete um crime, você fica preso”, disse.
As equipes do aeroporto e do santuário cuidaram dos trâmites de importação com o Ibama, Receita Federal e Ministério da Agricultura logo após o desembarque. Feita a liberação, ela foi colocada na carreta.
Durante esse processo, os lacres foram retirados para fazer a higienização da bandeja que fica embaixo do contêiner.
“Elefante é a primeira vez que a gente recebe. Trabalhamos com vários órgãos, Ibama, Receita, Anvisa, para que o animal ficasse o menor tempo possível no aeroporto”, disse Ricardo Augusto, gerente de operações de cargas de Viracopos.
Novo lar
Em relação à viagem para o Mato Grosso, as equipes do santuário disseram que a translado deve durar dois dias e será acompanhado pela Polícia Rodoviária.
Um carro foi preparado para levar comida e água. São 20 fardos de feno, além de frutas e verduras, principalmente maçã e melancia, que é o que ela mais come. Outro veículo levará a equipe do santuário.
Eles vão tentar parar o menos possível para não estressar o animal, mas já fizeram acordos com fazendas no caminho, caso ela precise descansar e se alimentar.
“No santuário, a gente vai dar a autonomia que ela merece. Lá ela vai voltar a ser elefante, vai fazer o que quiser. É um cativeiro também, mas de proporções livres”, explicou o biólogo do santuário, Daniel Moura, que acompanhou a megaoperação.
Na Chapada dos Guimarães, o santuário tem 1,1 mil hectares e está preparando a estrutura para receber mais elefantes. A área destinada a esses animais tem 30 hectares e é cercada. A alimentação é controlada e há espaço para eles brincarem com água.

Fonte: G1