flor, à esquerda; gambá, à direita
Gambá-de-orelha-preta foi flagrado polinizando uma espécie de planta muito diferente (Foto: Reprodução/Facebook/Pesquisas Fapesp)

O biólogo Felipe Amorim, do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Botucatu, descobriu na Reserva Biológica da Serra do Japi, em Jundiaí, a reposta de uma teoria de quase 30 anos: gambás são polinizadores de uma flor muito rara.

A evidência apareceu por meio de imagens produzidas com câmeras de segunda mão e potes de sorvete para protege-las da umidade da noite.

Ao amanhecer, dois alunos ficaram vendo os vídeos e voltaram para o campo, quando notaram um beija-flor se aproximando da planta. “Nada indicava que eles a polinizavam, mas realmente: os beija-flores vinham ao chão provar o néctar”, disse Felipe, em entrevista ao portal de notícias ‘G1’.

Depois disso, os alunos notaram que um rato havia visitado a planta e depois um Gambá-de-orelha-preta. “Nós acabamos de ver uma planta super estranha que é polinizada por gambás e beija-flores. Temos uma grande descoberta aqui”, afirmou o pesquisador ao portal de notícias.

No entanto, o princípio da descoberta surgiu nos anos 90, quando em um trabalho na Mata de Santa Genebra, em Campinas, a bióloga Patrícia Morellato encontrou uma planta exótica.

Segundo Patrícia, a planta estava em museus como uma parasita. O estudo não parou por aí e, com base em seus estudos de plantas da África do Sul e da Austrália, ela chegou na hipótese de que a planta seria polinizada por gambás.

Ela ainda relata que naquela época não existia a tecnologia de hoje para comprovar a teoria.

A planta tem apenas duas espécies no Brasil que possui um conjunto de flores com escamas, algo muito incomum, aponta o bióloga. Uma estrutura que só poderia ser desvendada por um mamífero.

Felipe chegou a mesma conclusão de Patrícia, mas com os recursos atuais foi possível comprovar a teoria. Ele conta que ao mandar os vídeos, a bióloga ficou “deslumbrada”.

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Os dados colhidos por Patrícia aliados às observações de Felipe e seus alunos resultaram em provas consistentes que foram publicadas em um estudo.

Agora, os biólogos tentam descobrir se o gambá é determinante para a vida da planta e se, sem ele, outros polinizadores não acessariam o néctar. Eles também destacam a importância do animal no meio ambiente.

Com informações do portal de notícias ‘G1’.