Nesta quinta-feira (22), o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), irá discursar na cúpula sobre o clima organizada por Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. O evento virtual reunirá 40 dirigentes e Bolsonaro deverá se pronunciar sobre problemas da região amazônica, as queimadas regulares que acontecem na floresta e o desmatamento ilegal, que é uma das principais preocupações do estado norte americano.

De acordo com informações do UOL, Bolsonaro deverá adotar um discurso mais pacífico e de menos “rivalidade” durante o discurso desta quinta. Interlocutores do Palácio do Planalto e do Itamaraty dizem que o presidente sabe que outros líderes o cobrarão por visões controversas sobre a política ambiental do Brasil.

Essa mudança no tom de discurso de Bolsonaro faz parte de um esforço do governo brasileiro de melhorar as relações e o diálogo com os outros países, principalmente os Estados Unidos e a China. Essa demanda se mostrou inevitável aos interesses do Brasil, e também foi um dos motivos da troca do ex-ministro Ernesto Araújo, olavista e adepto de teorias sobre “globalismo” e “marxismo cultural”, pelo diplomata Carlos França, no Itamaraty.

Assim, o Brasil deverá antecipar as cobranças dos outros líderes durante a cúpula desta quinta-feira e apresentar dados considerados pelo Planalto relevantes e subestimados, relacionados a operações de repressão e as investigações contra os crimes ambientais no país.

Plano contra desmatamento e queimadas

Em reportagem, a Folha de S. Paulo informou que Bolsonaro deve voltar a se comprometer com o fim do desmatamento ilegal até 2030, e também convidará outros países para ajudar financeiramente com o combate das queimadas florestais.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que está sendo criticado e pressionado a renunciar o cargo, comentou uma parte do pronunciamento de Bolsonaro para a cúpula. Conforme dito pelo ministro, o governo irá dividir a fiscalização de desmatamento ilegal em “pequenos grupos de ação”.

“A partir de agora, vamos ter que ter uma estratégia diferente, que são pequenos grupos de ação atuando naqueles 10 ou 12 municípios que mais representam o desmatamento no arco do desmatamento. Muitos deles estão no Pará, mas tem em Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas e Acre”, afirmou Salles ao “Estadão”.

Desta forma, o objetivo é mostrar números e metas, além de retirar os ruídos deixados na abertura da Assembleia Geral da ONU em 2020. Nesta ocasião, Bolsonaro mentiu e distorceu fatos, afirmando que o Brasil seria uma “vítima de uma das mais brutais campanhas de desinformação sobrea a Amazônia e o Pantanal”. Segundo ele, uma suposta “campanha escorada em interesses escusos” por parte de “instituições internacionais” junto a “associações brasileiras, aproveitadoras e impatrióticas”.

Além disso, no ano passado, o Presidente da República chegou a acusar os índios e caboclos da Amazônia de serem responsáveis pelos incêndios na região, e ainda que as queimadas no Pantanal eram causadas pelas altas temperaturas.

[tdj-leia-tambem]

Participação de líder indígena

Joe Biden também convidou para participar da cúpula Sinéia do Vale, da etnia wapichana da Terra Indígena Raposa Serra do Sol e que representará o Conselho Indígena de Roraima. O debate de Sinéia fará parte de um painel moderado pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.

“Essa sessão irá destacar os esforços críticos de atores não estatais e subnacionais que estão contribuindo para uma recuperação verde e trabalhando de forma estreita com governos nacionais para fazer avançar a ambição climática e resiliência”, explicou a Casa Branca.

Esse painel ainda contará com a participação de Anne Hidalgo, prefeita de Paris, além dos governadores de Tóquio e do estado do Novo México, e o presidente do congresso nacional de indígenas americanos.