
Uma nova espécie de vespa parasitoide foi descoberta na Serra do Japi e descrita pelo biólogo Anderson Henrique da Silva Barbosa, em parceria com os professores Manoel Martins Dias Filho e Angélica Maria Penteado-Dias, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O inseto, identificado como Colpotrochia japi, foi encontrado em junho de 2024, em um trecho de mata de altitude próximo ao Observatório da Serra do Japi, e recebeu o nome em homenagem ao local onde foi registrado pela primeira vez.
Descoberta científica na Serra do Japi
A pesquisa integra o mestrado de Barbosa no Programa de Pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UFSCar, iniciado em 2023, sob orientação de Dias Filho e colaboração da professora Angélica Maria. O estudo analisa lagartas (larvas de borboletas e mariposas), suas plantas hospedeiras — conhecidas como capororocas — e as pequenas vespas que utilizam essas lagartas para completar seu ciclo de vida.
Durante o trabalho de campo, as lagartas coletadas foram observadas em laboratório até que, de uma delas, emergiu uma vespa até então desconhecida pela ciência. A nova espécie pertence à família Ichneumonidae, grupo de vespas conhecidas por depositar ovos no corpo de lagartas e outros artrópodes, cujas larvas se alimentam do hospedeiro até atingirem a fase adulta.

Características da Colpotrochia japi
Segundo Barbosa, a Colpotrochia japi apresenta coloração amarela e preta, como outras espécies semelhantes, mas se diferencia por duas manchas amarelas paralelas na face e outros detalhes morfológicos observados no estudo.
O biólogo explica que, até o momento, não há confirmação de que a espécie exista apenas na Serra do Japi, embora o registro isolado e sua raridade possam indicar distribuição restrita.
“É possível que a espécie ocorra em outras áreas da região, mas novos estudos são necessários para compreender melhor sua distribuição”, afirma Barbosa.

Importância ecológica e científica
O pesquisador destaca que a descoberta contribui para o entendimento das relações ecológicas entre espécies e o ambiente em que vivem.
“Com este trabalho, conseguimos informações sobre a vespa, sobre o inseto hospedeiro e sobre as plantas envolvidas, ou seja, três partes de uma mesma teia alimentar. Esses dados ajudam a ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade e a orientar ações de conservação”, explica.
Serra do Japi: um laboratório natural
Para o superintendente da Fundação Serra do Japi, Flávio Gramolelli Junior, achados como esse reforçam o papel da serra como referência em pesquisa científica e conservação ambiental.
“Uma das premissas da Fundação Serra do Japi é fomentar a pesquisa. Porque com a pesquisa nós temos resultados e reafirmamos a importância da preservação da serra”, afirma.
A Fundação Serra do Japi segue apoiando projetos científicos como parte de suas estratégias de conservação e valorização da biodiversidade, fortalecendo o papel da serra como um dos principais patrimônios naturais do interior paulista.