Lô Borges sorrindo em uma praia cercada por montanhas e mar, usando jaqueta escura sobre as rochas.
Morre Lô Borges, lenda do Clube da Esquina e ícone da música brasileira, aos 73 anos (Foto: Reprodução/Instagram/@loborgesoficial)

O cantor e compositor Lô Borges, um dos maiores nomes da música popular brasileira e cofundador do lendário Clube da Esquina, morreu neste domingo (2), aos 73 anos, em Belo Horizonte. A morte, confirmada pela família nesta segunda-feira (3), ocorreu às 20h50, em decorrência de falência múltipla de órgãos.

Internado desde 17 de outubro na UTI, o artista havia sido hospitalizado por intoxicação medicamentosa e passou por uma traqueostomia no dia 25. Compositor de sucessos como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, “O Trem Azul” e “Paisagem da Janela”, Lô deixa um legado que atravessa gerações.

Da infância em Santa Tereza ao encontro com Milton Nascimento

Nascido em Belo Horizonte, em 1952, Lô — sexto de 11 irmãos — cresceu no bairro Santa Tereza, berço de uma das maiores revoluções musicais do país. Durante uma reforma em casa, sua família se mudou temporariamente para o Centro da cidade, onde, aos 10 anos, ele conheceu o vizinho Milton Nascimento. Essa amizade se transformaria em uma das parcerias mais marcantes da MPB.

Pouco tempo depois, conheceu Beto Guedes nas ruas da capital mineira. As afinidades musicais e a atmosfera boêmia de Santa Tereza deram origem ao movimento que mais tarde ganharia o nome de Clube da Esquina.

O nascimento do Clube da Esquina

As esquinas das ruas Divinópolis e Paraisópolis se tornaram o ponto de encontro de jovens músicos e poetas que mudariam a história da música brasileira. Em 1972, o movimento deu origem ao álbum Clube da Esquina, gravado por Lô Borges e Milton Nascimento — uma obra-prima reconhecida mundialmente.

O disco foi eleito, mais de 50 anos depois, o maior álbum brasileiro de todos os tempos e o nono melhor do mundo pela revista norte-americana Paste Magazine. No mesmo ano, Lô lançou seu primeiro disco solo, o icônico Disco do Tênis.

Pausa, maturidade e novos caminhos

Após o sucesso inicial, o músico decidiu se afastar temporariamente dos palcos e viveu um período em Arembepe, na Bahia, onde continuou compondo. Em 1978, retornou à cena musical com o álbum Via Láctea, um dos mais elogiados de sua carreira.

Nos anos 1980, Lô realizou sua primeira turnê nacional com o disco Sonho Real. Já na década de 1990, a parceria com Samuel Rosa, do Skank, na música “Dois Rios”, marcou sua volta aos holofotes.

A partir de 2019, Lô Borges retomou o ritmo criativo, lançando anualmente álbuns de inéditas. O último, Céu de Giz, foi lançado em agosto de 2025, em parceria com Zeca Baleiro, reafirmando a vitalidade e o lirismo de sua obra até os últimos meses de vida.

Legado imortal

Lô Borges deixa um legado de inovação, sensibilidade e poesia que moldou a MPB. Sua trajetória, marcada por encontros, pausas e renascimentos, permanece viva nas melodias que traduzem o espírito mineiro e a universalidade da música brasileira.