
O Brasil perdeu na madrugada deste sábado (30) um de seus maiores escritores contemporâneos. Luis Fernando Verissimo, ícone da literatura e das crônicas nacionais, morreu aos 88 anos em Porto Alegre, em decorrência de complicações de uma grave pneumonia. Ele estava internado desde 11 de agosto na UTI do Hospital Moinhos de Vento.
Vida e carreira
Filho do também consagrado escritor Érico Verissimo, Luis Fernando construiu uma trajetória literária marcada pelo humor, pela crítica social e pela proximidade com o cotidiano dos brasileiros. Publicou mais de 80 obras, entre elas As Mentiras que os Homens Contam, O Popular: Crônicas ou Coisa Parecida, A Grande Mulher Nua e Ed Mort e Outras Histórias.
O sucesso veio especialmente com suas crônicas e contos, gênero que o transformou em um dos autores mais populares do país. Em 1981, O Analista de Bagé esgotou sua primeira edição em apenas uma semana.
Além da literatura, atuou como cartunista, tradutor, roteirista, publicitário, revisor, dramaturgo e romancista. Sua paixão pela música também marcou sua vida: era saxofonista e sonhava em ser conhecido apenas por essa habilidade.
Saúde e despedida
Verissimo enfrentava problemas de saúde nos últimos anos. Convivia com o mal de Parkinson, sofreu um AVC em 2021 e, no ano seguinte, precisou de um marca-passo. Ele deixa a esposa, Lúcia Helena Massa, e três filhos: Pedro, Fernanda e Mariana.
O escritor que chegou “tarde”
Em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, Verissimo contou que começou na literatura apenas na década de 1960, quando passou a trabalhar na redação do jornal Zero Hora.
“Até os 30 anos eu não tinha a menor ideia de ser escritor, muito menos jornalista. Eu fiz de tudo, e nada deu certo. Aí quando eu comecei a trabalhar em jornal – e naquela época não precisava de diploma de jornalista – foi quando eu descobri a minha vocação. Sempre li muito, mas nunca tinha escrito nada. Então, eu sou um caso meio atípico”, disse.
Humor, silêncio e memória
Famoso por seu jeito discreto, costumava brincar: não era ele quem falava pouco, “os outros é que falam muito”. Em 2017, aos 80 anos, disse em entrevista ao programa Conversa com Rosean Kennedy, da TV Brasil, como gostaria de ser lembrado:
“Gostaria de ser lembrado pelo o que eu fiz, pela minha obra, se é que posso chamar de obra, mas pelos meus livros. E, talvez, pelo solo de um saxofone, um blues de saxofone bem acabado”.
Na mesma conversa, refletiu sobre a vida com seu humor característico:
“No fim, pensando bem, a vida é uma grande piada. Acontece tudo isso com a gente, e a gente morre… que piada, né? Que piada de mau gosto. Mas acho que temos que encarar isso com uma certa resignação, uma certa bonomia [bondade]”.
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