
Os cachorros também começam a sentir os efeitos da quarentena.
Agora, os donos estão o tempo todo em casa – incluindo as crianças. Os passeios, quando ainda existem, são mais curtos e mais cheio de cuidados, como deve ser.
Por isso, é fundamental que ele seja incluído num processo de adaptação.
A alimentação, por exemplo, deve seguir regularmente. Mesmo o tempo todo em casa com o bichinho, os tutores precisam criar momentos em que o cachorro fique sozinho. O estresse deve ser observado, assim como outras mudanças acentuadas no comportamento, causadas pela mudança de rotina.
No mais, é importante que ele se mantenha ativo com brincadeiras. Vale apostar também em treinar comandos com o pet.
Passear ou não?
Para quem está com suspeita ou confirmação de Covid-19, a orientação é: isolamento domiciliar. Nesses casos, o bichinho pode ficar preso em casa consequentemente.
“O cão pode ficar mais agitado e ter comportamento diferentes, como fazer xixi e coco em lugares errados, começar a destruir alguma coisa dentro de casa. Tudo por frustração pela falta de passeio mesmo”, explica Helen Maltasch, especialista em comportamento de cães na empresa Cão Carioca.
A “saudade” do passeio não é para menos.
“Ao sair, eles ficam em contato com cheiros diferentes, ar fresco, natureza, além da socialização com outros cães. Tudo isso que deixa o cão mais equilibrado”, completa.
Para os donos possam seguir com os passeios, respeite a distância de segurança de outros tutores e escolha um local sem aglomeração de pessoas. Evite também que o animal socialize com outros cães. A orientação, segundo reportagem do G1, também incluem limpar as patas e a guia na volta pra casa, além dos cuidados de lavar a mão da pessoa que saiu de casa.
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Para Fernanda Guillen, adestradora da Tudo Cão, mesmo aqueles que não interromperam os passeios, mas reduziram, devem estimular a atividade mental em casa. Entre as opções, está testar novos comandos ao pet.
“Quando a gente associa uma palavra a um movimento, por exemplo, ‘senta’, o cachorro faz e eu dou uma recompensa depois. Assim, ele consegue entender que está se comunicando com o dono”, explica.
“Essa atividade dá muita confiança, porque quando a gente fala normal, eles podem até notar o tom de voz, mas não entendem, de fato, o que estamos dizendo. Isso muda com o treino, porque eles passam a entender e ficam mais relaxados, mais confiantes porque a comunicação melhorou”, continua.
Momento a dois
Passar um tempo de qualidade com o bichinho também pode não demandar muito esforço. Os tutores podem dedicar alguns momentos do dia a escovarem o pet.
“Além de melhorar o vínculo afetivo entre os dois, também pode ser a hora em que o dono vai ver algum desconforto, como carrapato, no cachorro”, afirma Helen.
As brincadeiras com brinquedos interativos também não saem de moda.
“O dono pode dividir uma porção do dia e colocar em um brinquedo. Isso vai manter o cão ocupado por muito tempo e é psicologicamente saudável”, Ricardo Tamborini, especialista em comportamento canino.
Ele também recomenda: Sobre os brinquedos, “escolha um por dia e deixe por um determinado tempo. O brinquedo é um artifício para entretê-lo, mas se fica ali o tempo todo, ele enjoa rápido”, afirma.
Vale lembrar que as crianças também devem respeitar o espaço do cão. Se a interação dos pequenos passar do limite, os adultos precisam intervir:
Segredos preciosos
Para manter o cão ativo, subir e descer escadas é uma possibilidade indicada por Cleber Santos, do ComportPet, centro de treinamento para cães.
“Isso já vai dar um alívio muito grande ao cão e ele cansa muito mais rápido do que se tivesse dando volta na rua”.
Para relaxar, ele indica música clássica.
“Não é mágica, mas lá pelo sexto dia ouvindo por uma hora, o cão começa a relaxar toda a parte da musculatura e da mente”, explica Santos.
Alerta
Carinho e colo. Que cão não quer passar a maior parte do dia sendo mimado? O único problema, na verdade, é quando os tutores voltarem ao trabalho e ele não encontrar mais companhia durante o dia.
Os especialistas alertam que uma interrupção abrupta pode gerar ansiedade de separação. “Ele vai sentir muito a falta do dono, achar que está sendo abandonado e que o dono não vai voltar”, afirma Tamborini.
Para amenizar o sofrimento, é muito importante que os cães tenham seus momentos sozinhos, mesmo com os donos em casa.
“Ele tem que entender que está tudo bem ficar sozinho em alguns momentos e o mundo não vai acabar por conta disso”, ensina o especialista. “Reserve um espaço da sua casa, enriqueça o ambiente com brinquedos, a própria petball, e deixe o cachorro lá por um tempo”, explica Helen.
Se possível, crie rotinas que conseguirá cumprir depois do isolamento.
“Vou brincar perto do café da manhã, porque quando voltar a trabalhar posso continuar por algum tempo com essa rotina”, diz a médica veterinária Juliana Gil.