
A chegada do Ano-Novo costuma ser marcada por celebrações e fogos de artifícios, mas para muitos cães o período é sinônimo de medo intenso e sofrimento. O barulho alto, os efeitos de luz e a imprevisibilidade dos estampidos podem desencadear quadros de estresse, ansiedade e até pânico nos animais.
Em entrevista exclusiva ao Tribuna de Jundiaí, o adestrador Adauto Jamil Póvoa da Silva, que atua há cinco anos em Jundiaí, Várzea Paulista e Campo Limpo Paulista com a AdestraDog, explica como os tutores podem identificar os sinais de medo e adotar medidas para proteger seus cães durante as comemorações.
Sinais de estresse e medo nos cães
De acordo com o especialista, os cães costumam demonstrar claramente quando estão assustados com os fogos. “Os principais sinais de estresse dos cães são rabo baixo nos meios das pernas procurando algum lugar para se esconder”, relata Adauto. Além disso, tremores, respiração acelerada, vocalização excessiva e tentativas de fuga também são comportamentos comuns.
Esses sinais indicam que o animal está em sofrimento emocional, o que reforça a importância de atenção redobrada por parte dos tutores, principalmente durante a virada do ano.
Dessensibilização: o preparo ao longo do ano
O adestrador destaca que a melhor forma de lidar com o medo dos fogos é o treinamento preventivo, feito com antecedência. Segundo ele, “o treinamento de dessensibilização é feito a longo prazo, tem que ser feito aos poucos durante o ano”.
Esse processo inclui a exposição gradual a sons semelhantes aos fogos, como trovões e ruídos artificiais, além de estímulos visuais que simulem os efeitos de luz. Tudo deve ser feito de forma progressiva e associada a experiências positivas. “Com reforço de algo bom, podemos oferecer uma pasta congelada dentro de um brinquedo”, explica, ressaltando a importância do reforço positivo para criar uma associação segura para o cão.
O que fazer durante a queima de fogos
Para os cães que já apresentam medo intenso, algumas atitudes simples podem fazer a diferença no momento da soltura dos fogos. Adauto orienta que o tutor permaneça próximo ao animal.
“Antes das solturas dos fogos, se o cão tem muito medo, o melhor a fazer é ficar junto a ele, em um ambiente fechado com música, para diminuir os barulhos dos fogos”, afirma.
Ele também recomenda oferecer estímulos que ajudem o cão a relaxar, como objetos para lamber ou brinquedos de forrageio. Outra estratégia citada é o uso de faixas no corpo e nas orelhas do animal, o que pode proporcionar sensação de proteção e segurança.
Por fim, o adestrador faz um alerta importante: “Não é bom ficar fazendo carinho no momento que o cão estiver com medo, isso pode acabar reforçando o comportamento”. Segundo ele, o ideal é trabalhar o estado emocional do animal antes do ocorrido, transmitindo calma e mostrando, por meio da postura do tutor, que a situação não representa perigo.
Com informação, preparo e empatia, é possível tornar a virada do Ano-Novo mais tranquila não só para as pessoas, mas também para os cães, garantindo bem-estar e segurança aos pets durante as celebrações.
Lei municipal proíbe fogos com estampido em Jundiaí
Em Jundiaí, está em vigor a lei municipal que proíbe o uso de fogos de artifício com estampido, permitindo apenas aqueles com efeito visual e sem ruído. A norma, sancionada em 2021, tem como objetivo reduzir impactos negativos causados pelo barulho excessivo, protegendo animais, crianças, idosos, pessoas acamadas e pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
A legislação reforça a importância de comemorações mais inclusivas e seguras, especialmente em datas como o Ano-Novo, quando o uso de fogos é tradicional.