Espécie de veado campeiro resgatado pela Mata Ciliar vítima de incêndio
Foto: Divulgação/Mata Ciliar

A Associação Mata Ciliar, localizada em Jundiaí, desempenha um papel crucial no resgate de animais vítimas das queimadas da região. Somente em agosto deste ano, a instituição realizou cerca de 600 atendimentos. A cada dia, quase 20 animais são resgatados, muitos deles gravemente feridos ou mortos. Um balanço divulgado na quinta-feira (5) revelou que, nos últimos dez dias, 28 animais foram atropelados enquanto tentavam fugir das queimadas. Entre eles, havia um filhote de veado com problemas respiratórios.

Segundo a médica veterinária Julia Caraça, em entrevista ao g1, as espécies mais afetadas pelas queimadas são de pequeno porte, como gambás, tatus e ouriços. Esses animais, devido à sua limitada mobilidade, têm maior dificuldade para escapar do fogo. Julia explica que muitos são encontrados já carbonizados, enquanto outros, ainda vivos, passam por uma avaliação no local antes de serem encaminhados para tratamento na Mata Ciliar.

“Quando o animal chega à clínica, tentamos estabilizá-lo o mais rápido possível. Verificamos a extensão das queimaduras, o nível de consciência e se ele possui lesões internas na boca ou língua”, relata Julia. Após essa avaliação inicial, o tratamento inclui suporte médico, medicação para dor e hidratação, um aspecto crucial para animais expostos a incêndios.

Uma das espécies de felinos atendido pela Mata Ciliar
Foto: Divulgação/Mata Ciliar

Dependendo da gravidade das queimaduras, o tratamento varia. A veterinária explica que “o tratamento muda se for de 1º, 2º ou 3º grau” e que os animais frequentemente sofrem com irritações nas vias aéreas causadas pela fumaça, o que requer exames adicionais e medicações específicas. Uma das técnicas mais eficazes utilizadas pela associação é a aplicação de pele de tilápia nas áreas queimadas, funcionando como uma bandagem natural e promovendo a regeneração da pele através do colágeno.

Reabilitação e reintrodução na natureza

Após a recuperação inicial, os animais são levados para áreas amplas, onde são estimulados a retomar comportamentos naturais. Isso inclui exercícios físicos e o desenvolvimento de seus sentidos. “Depois de serem aprovados na reabilitação, eles são destinados a locais de soltura que são escolhidos em parceria com os órgãos oficiais que os resgataram”, afirma a veterinária.

Mata Ciliar diz o que fazer ao encontrar animais silvestres feridos

A população é orientada a não tentar manusear animais feridos, mas sim a contatar as autoridades competentes, como a Polícia Militar Ambiental (190), Corpo de Bombeiros (193) ou a Guarda Municipal. Além disso, clínicas veterinárias não especializadas em espécies selvagens devem encaminhar os animais para unidades autorizadas do Cetras no estado.

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