
Na Semana do Dia Mundial do Cachorro, celebrado em 26 de agosto, uma história especial emociona e inspira tutores em Jundiaí e além: a da cadela Mila, companheira inseparável do mecânico Rodinei Albuquerque. O que começou como um presente para sua então namorada se transformou em uma jornada marcada por superação, resiliência e amor incondicional.
O início: um presente e um desafio inesperado
Há cerca de sete anos, Rodinei decidiu surpreender a ex-parceira com um filhote. Três dias depois da adoção, descobriu que o animal tinha displasia coxofemoral, condição que afeta as patas traseiras e a impedia de andar.
“Na verdade ela foi um presente que eu dei para a minha ex-parceira. Quando ela percebeu que a Mila tinha probleminha, não quis ficar com ela. Então eu fiquei com ela e cuidei”, relembra.
A rotina não foi fácil. No começo, Mila não andava: apenas se arrastava. “Em certo momento eu pensei em comprar uma cadeirinha, mas continuei com a fisioterapia até ela criar músculo nas patinhas traseiras. Mila começou a andar com seis meses, aproximadamente”, conta.
Quando o relacionamento chegou ao fim, em 2017, a ex-namorada de Rodinei mudou-se para um apartamento menor e pediu ao mecânico que ficasse com a cadela. Desde então, Mila e o tutor não se desgrudam.

Foi nessa nova fase que outro episódio marcante aconteceu. Durante um passeio, Mila correu atrás de um cachorro do outro lado da rua e acabou atropelada. “Eu estava distraído com o celular, ela atravessou e foi atingida. A partir desse dia, comecei a levá-la na caixinha para a oficina, para cuidar da patinha machucada”, relembra.
A decisão mudou a rotina da oficina e transformou Mila em parte essencial do ambiente. “Mila sai para trabalhar conosco todos os dias. Almoça com a gente, faz o passeio dela, toma seu sol sozinha. Ela fica livre o dia todo”, descreve o tutor.
A estrela da oficina
O carisma de Mila rapidamente conquistou clientes e amigos. “Alguns clientes chegam perguntando da Mila. Já teve até um cliente nosso, o Fabiano, que trouxe um galo de verdade para ela. Foi um sarro!”, diverte-se Rodinei.
A presença da cadela tornou o espaço mais leve e acolhedor. “Ela contagia desde a hora que chega, tomando café da manhã, pedindo para levar ela para passear até a esquina. Nossa, fico até triste quando penso que um dia ela não estará mais no nosso meio; será muito triste”, confessa emocionado.
Amizade com Max e laços de afeto
Além do carinho da equipe e dos clientes, Mila tem um grande amigo: Max, o cachorro de um homem que vive em situação de rua próximo da oficina. “O Max é de um amigo meu, o Saulo, que vive em situação de rua. Faz muito tempo que os dois são ‘aumigos’, assim como eu e o Saulo”, conta Rodinei.
Quando Saulo precisa se ausentar para vender sucata, deixa Max na oficina. “Às vezes ele fica aqui o dia inteiro, aí a Mila brinca com ele no cantinho. Com ela aqui é só alegria!”, resume.

Da oficina para as redes sociais
A fama digital veio por acaso. Um vídeo registrado pelas câmeras de segurança da oficina mostrou Mila correndo de dois cachorros maiores e pedindo ajuda no colo de um funcionário.
“Depois de puxar o vídeo das câmeras de segurança, postei nas redes e foi muito rápido o compartilhamento”, lembra Rodinei.
O resultado surpreendeu: “Foi um susto acordar e ver 49 mil visualizações. Em menos de 8 horas já tinha mais de 11 milhões, se não me engano”, relata.
Hoje, o perfil CãonalDaMila no TikTok soma mais de 300 mil seguidores, e no Instagram, já são mais de 33 mil. Os vídeos mostram a rotina de Mila na oficina, suas brincadeiras e a relação com clientes e amigos.
Inspiração e orgulho
Rodinei garante que o maior valor da trajetória de Mila vai além da fama. “Vendo isso as pessoas podem perceber que não é porque nasceu com uma deficiência que são descartáveis. Eles têm direitos de ser felizes, e os tutores têm que se adaptar a eles. É a mesma situação de nascer um filho com deficiência: você deve amar da mesma forma, não descartar”, defende.
O tutor se emociona ao falar sobre o impacto que a cadela tem em sua vida. “Sou um papai orgulhoso. Me emociono com tudo isso. Ela é carinhosa demais e parece retribuir o carinho recebido por todos. Ela me inspira todos os dias. Amamos ela demais.”
Futuro e legado
Apesar do sucesso, Rodinei diz que não tem conseguido expandir o trabalho nas redes por conta da rotina intensa na oficina. “Não tenho tempo para fazer isso. Gostaria muito, mas não consigo, com a oficina bombando de serviço”, admite.
Ainda assim, ele sonha em transformar a história da cadela em algo maior. “Com certeza a história dela tem que ser chamativa, para não existir maldade. O fato de ter sido desprezada pela sua deficiência precisa servir de conscientização.”

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