Lucimara à espera do dono na porta do pronto-socorro (Foto: Fábio Agostini do Amaral Gomes/Arquivo Pessoal)
Lucimara à espera do dono na porta do pronto-socorro (Foto: Fábio Agostini do Amaral Gomes/Arquivo Pessoal)

Uma vira-lata caramelo chamada Lucimara, permaneceu em frente à Santa Casa de São Paulo esperando o dono entre o domingo (6) e a segunda-feira (7). Inicialmente, os funcionários do hospital, colocaram um cobertor e comida, mas de tanto insistir, ela conquistou o direito de virar companheira de quarto antes da alta do tutor.

O paciente é um homem com deficiência visual em situação de rua. O caso ocorreu logo após o tutor da cachorra sofrer um atropelamento. “Chegou um paciente vítima de um trauma e a dificuldade é que ele é deficiente visual, mas veio junto com ele uma cachorrinha. Aí foi uma comoção entre todos da equipe”, disse Fábio Agostini do Amaral Gomes, gestor-médico dos prontos-socorros da Santa Casa de São Paulo, em entrevista ao g1.

“Logo na chegada todos se preocuparam com o paciente, mas também notaram a cachorrinha desesperada sem o dono. Ele estava dentro de um serviço de emergência que é referência de trauma e ainda tinha a dificuldade por ser deficiente visual”, contou.

De acordo com Gomes, durante o período em que ficou na porta do pronto-socorro, Lucimara não parou de latir. Só se acalmou quando a equipe do hospital colocou uma camiseta do dono junto ao cobertor. Mesmo assim, ela não estava comendo a ração, nem as quentinhas que os profissionais de saúde estavam oferecendo.

“Existem outras pessoas e pacientes no pronto-socorro. A gente tentou de uma maneira que não atrapalhasse ninguém e que ela ficasse menos assustada, porque a Lucimara teria que entrar num setor movimentado. Tinha uma dificuldade: será que ela vai avançar no técnico de enfermagem quando chegar perto do dono? Só que no final, quando eles se encontraram, foi algo muito emocionante”.

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Para o gestor-médico, além de ser um direito do paciente por ser deficiente visual, há um apoio emocional que pode, inclusive, favorecer a recuperação: “o momento de procura ao hospital é de muita fragilidade. Tanto para a pessoa, quanto para o animal. Essa separação é ruim para ambos”.

“Não existe a menor dúvida de que nesse caso em questão, de um deficiente visual, que está em um local barulhento, que ter a companheira ao lado dele diminuiu a ansiedade, tirou a tensão, e ainda gerou uma preocupação em toda a equipe, que gerou muita felicidade. A gente sabe, quem tem cachorro gato, você tem o afeto e sua família acaba sendo o animal”, explicou Gomes.