Coletiva de imprensa do coronavírus com membros do governo
ONG relacionou queda do Brasil no ranking à presidência de Jair Bolsonaro. (Foto: Marcos Corrêa/Agência Brasil)

O Brasil ocupa 107ª posição de países que mais respeitam a liberdade de imprensa.

O ranking, realizado anualmente pela organização não governamental “Repórteres Sem Fronteiras”, mostra que o país caiu duas posições em relação a 2019, ficando atrás de Angola, Montenegro e Moçambique.

O relatório da organização relaciona a queda da liberdade da imprensa no Brasil ao novo governo, liderado pelo presidente Jair Bolsonaro, que “deu início a uma era particularmente sombria da democracia e da liberdade de imprensa no Brasil”.

Entre 2018 e 2019, por exemplo, ano em que Bolsonaro assumiu a presidência, o Brasil caiu três pontos na lista, passando de 102º para 105º.

“O presidente Bolsonaro, sua família e vários membros de seu governo insultam e humilham constantemente alguns dos principais jornalistas e meios de comunicação do país, alimentando um clima de ódio e suspeita em relação ao jornalismo no Brasil”, afirma a ONG.

Monopólio e violência

Segundo a organização, no Brasil, a mídia continua concentrada nas mãos de famílias de grandes empresas que, com frequência, estão ligadas à classe política.

“A confidencialidade das fontes dos jornalistas está sob constante ataque e muitos repórteres investigativos foram submetidos a processos judiciais abusivos”, incluiu. “Com ameaças e ataques físicos, o Brasil continua sendo um país especialmente violento para a mídia, e muitos jornalistas foram mortos em conexão com seu trabalho. Na maioria dos casos, esses repórteres, apresentadores de rádio, blogueiros ou provedores de informações de outros tipos estavam cobrindo histórias relacionadas à corrupção, políticas públicas ou crime organizado em cidades pequenas ou médias, onde são mais vulneráveis”, completou a ONG.

Cenário mundial

A liberdade de imprensa nos Estados Unidos, segundo “Repórteres Sem Fronteiras”, continua sofrendo pelo terceiro ano consecutivo desde que Donald Trump assumiu a presidência, apesar de subir no ranking de 2020, ocupando agora a 45ª posição.

“Sob o presidente Trump, a Casa Branca substituiu estrategicamente as formas tradicionais de acesso à imprensa por aquelas que limitam a capacidade dos jornalistas de fazer perguntas à administração”, disse a ONG.

Segundo o G1, a ONG também alertou que a pandemia de coronavírus está “ampliando” as ameaças à liberdade de imprensa em todo o mundo, segundo a agência de notícias alemã “Deutsche Welle” (DW). A entidade acusou a China e o Irã de censurarem informações sobre o vírus.

“O surto de coronavírus revelou a lição mais importante dessa crise, a de que a censura na China não diz apenas respeito ao povo chinês. Também é uma ameaça para qualquer pessoa na Terra”, disse o chefe da Repórteres Sem Fronteiras no Leste Asiático, Cedric Alviani, ao correspondente da DW William Yang.

A Coreia do Norte, que ainda pode mandar para campos de concentração aqueles que lerem, virem ou ouvirem conteúdo de mídia que não seja do país, agora ocupa a 180ª posição, a última do ranking.

O Turcomenistão, que proibiu o uso da palavra “coronavírus”, ocupa o penúltimo lugar no ranking.

Os primeiros 10 lugares do ranking são ocupados por: Noruega,  Finlândia, Dinamarca, Suécia, Holanda, Jamaica, Costa Rica, Suíça, Nova Zelândia e Portugal.

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Com informações do G1.