Na Itália, Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva explica a não adesão à declaração da cúpula para paz na Ucrânia
Foto: Ricardo Stuckert/PR

O Brasil optou por não assinar o comunicado final da Cúpula para a Paz na Ucrânia, realizada na Suíça no dia 16 de junho.

De acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a decisão reflete a postura do país de defender uma negociação abrangente e equilibrada. Assim, segundo o presidente, o país quer incluir a participação ativa de todas as partes envolvidas no conflito.

Em entrevista coletiva na Itália, Lula revelou que disse à presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd, que decidiu não ir ao encontro internacional deste domingo. Segundo ele, o país só participaria da discussão sobre a paz quando os dois lados em conflito, Ucrânia e Rússia, estiverem sentados à mesa. “Porque não é possível você ter uma briga entre dois e achar que se reunindo só com um, resolve o problema.”

Apesar de não assinar o comunicado final, o governo brasileiro marcou presença na Cúpula para a Paz na Ucrânia através da embaixadora Claudia Fonseca Buzzi.

Brasil quer Rússia e Ucrânia ‘na mesa’

Reconhecendo a complexa dinâmica do conflito, o Brasil, em parceria com a China, propôs uma alternativa para o impasse. “Como ainda há muita resistência, tanto do Zelensky (presidente da Ucrânia), quanto do Putin (presidente da Rússia), de conversar sobre paz, cada um tem a paz na sua cabeça, do jeito que quer. Depois de um documento assinado com a China, pelo Celso Amorim [assessor-Chefe da Assessoria Especial do Presidente da República] e pelo representante do Xi Jinping [presidente da República Popular da China], estamos propondo que haja uma negociação efetiva.”

“Que a gente coloque, definitivamente, a Rússia na mesa, o Zelensky na mesa. Vamos ver se é possível convencê-los de que a paz vai trazer melhor resultado do que a guerra. Na paz, ninguém precisa morrer, não precisa destruir nada. Não precisa vitimar soldados inocentes, sobretudo jovens, e pode haver um acordo. Quando os dois tiverem disposição, estamos prontos para discutir”, acrescentou o presidente.

Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Sem unanimidade entre países participantes

A Cúpula para a Paz na Ucrânia evidenciou a complexa geopolítica do conflito, com a ausência de unanimidade entre as 101 delegações participantes. O documento final, que defende o envolvimento de “todas as partes” nas negociações, contou com a assinatura de 84 países, incluindo a União Europeia, Estados Unidos, Japão, Argentina, Somália e Quênia. No entanto, países influentes como Rússia e China, além de outros, optaram por não assinar o comunicado.

Pontos-Chave do comunicado final da cúpula

De acordo com o comunicado final da Cúpula para a Paz na Ucrânia, há pontos cruciais para a resolução do conflito:

  • O documento defende o respeito aos princípios de soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados.
  • O uso da energia e das instalações nucleares deve ser seguro, protegido e ambientalmente correto. As instalações nucleares ucranianas, incluindo Zaporizhia, devem operar com segurança sob total controle do país.
  • Qualquer ameaça ou uso de armas nucleares no contexto da guerra na Ucrânia é considerado inadmissível.

Na sexta-feira (14), o presidente russo, Vladimir Putin, propôs um cessar-fogo imediato e o início de negociações em troca da retirada das tropas ucranianas das regiões anexadas por Moscou em 2022 e da renúncia da Ucrânia à Otan. As condições impostas por Putin foram prontamente rejeitadas pela Ucrânia, pelos Estados Unidos e pela Otan, demonstrando a distância entre as posições de ambos os lados.

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