Foto: Unsplash
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Há dois anos e meio, o paulistano Silvio Scol, de 59 anos, imigrou para Israel em busca de um sonho. Apaixonado por tudo o que tem a ver com cannabis, seu objetivo era participar ativamente da revolução mundial que tem levado a planta a ser chamada de “ouro verde”.

Scol sabia que o mercado de cannabis medicinal está em alta nesta região, com a expectativa de que, em breve, a maconha também seja aprovada para uso recreativo. O brasileiro é, atualmente, o “curing manager” do Seach Medical Group, uma das maiores empresas de cannabis medicinal de Israel.

Trocando em miúdos, Scol é um “cannabinólogo”, uma espécie de sommelier da cannabis, sendo o responsável pela cura da flor, ou inflorescência. Ele supervisiona, por meio de um processo que ele próprio criou, o amadurecimento e a conservação até que a flor esteja pronta para o aproveitamento em produtos.

“Depois da colheita, existe o processamento, que leva um tempo, quase dois meses para ela (a flor) estar preparada, pronta para o consumo. Nesse tempo, é feita climagem, tirando as folhinhas, ela fica curando. É igual à cura de um vinho, por exemplo. E tem que ter uma certa habilidade, um certo conhecimento para fazer com que ela fique forte com todo o sabor, com todo o cheiro e com uma qualidade boa para se fumar e para os efeitos fazerem o efeito. Então, é uma coisa que exige um feeling. E eu faço isso na empresa” explica Silvio Scol.

Para o brasileiro, a cannabis é uma paixão que passou de hobby à carreira profissional. Tudo começou apenas pela curiosidade, quando ele ainda era muito jovem, em São Paulo. Autodidata, ele aprendeu a plantar cannabis e começou a pesquisar as melhores formas de fazer a cura das tão desejadas flores para que elas alcançassem seu melhor potencial.

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Mesmo quando a cannabis, mesmo a medicinal, era um tabu na maioria dos países, ele viajou pelo mundo em busca das melhores práticas. O resultado foi a acumulação de um conhecimento que, hoje, é buscado no mundo todo. Em seu trabalho, Silvio Scol une essa sabedoria de quem aprendeu tudo sozinho com a tecnologia inovadora dos israelenses.

No entanto, a escolha do paulistano por um novo país e uma nova carreira não foi fácil. Ele se mudou para o Oriente Médio sem uma posição assegurada e passou algum tempo trabalhando em funções menos qualificadas até se recolocar no mercado. Scol chegou a trabalhar por quatro meses como segurança de shopping center, até conseguir ser contratado pela empresa de cannabis onde está hoje.

Para Silvio Scol, o futuro do mercado de cannabis é mais do que promissor, tanto no viés medicinal quanto para uso recreativo. Em Israel, o uso medicinal é legal para enfermidades específicas e cada vez mais médicos e enfermeiros são preparados para receitar e preparar cannabis para quem tem autorização.

Já o uso recreativo ainda é ilegal. Ele foi parcialmente descriminalizado em 2017, com o governo definindo, em vez de procedimentos criminais, multas e tratamento para os infratores iniciais e portadores de até 15 gramas de maconha. Mas, recentemente, uma lei liberando o porte de 50 gramas e o cultivo caseiro de até 15 plantas para uso pessoal foi barrado no Knesset, o Parlamento em Jerusalém.