
Os Estados Unidos estão prestes a endurecer os critérios para a concessão de vistos de imigração permanente. A partir de orientações enviadas pelo Departamento de Estado aos consulados americanos, no último dia 6, condições como obesidade, diabetes e outras doenças crônicas poderão levar à recusa do documento. As regras não se aplicam a vistos temporários, como os de turismo e negócios (B1/B2), e se destinam exclusivamente a estrangeiros que pretendem morar definitivamente no país.
Diretriz amplia conceito de “fardo público”
O memorando, assinado pelo secretário de Estado, Marco Rubio, determina que condições de saúde classificadas como de alto custo — entre elas a obesidade — passem a ser avaliadas de forma mais criteriosa. O texto destaca que pessoas com obesidade podem demandar “cuidados caros e prolongados”, justificando a eventual recusa do pedido de imigração.
A diretriz também determina que consulados analisem a situação de dependentes com “deficiências, condições médicas crônicas ou outras necessidades especiais” que possam comprometer a capacidade de trabalho do solicitante nos Estados Unidos. A orientação reforça e amplia a aplicação do conceito de “fardo público”, uma diretriz histórica da política migratória americana usada para limitar a entrada de quem possa depender de assistência governamental.
O teor do memorando se tornou público após ser revelado pelo KFF Health News e posteriormente autenticado pela AFP.
Doenças crônicas entram no foco da análise
O Departamento de Estado afirma que doenças cardiovasculares, respiratórias, câncer, diabetes e distúrbios metabólicos ou neurológicos podem gerar despesas que chegam a “centenas de milhares de dólares” para o sistema de saúde americano. O endurecimento das avaliações segue a linha de uma política migratória mais rígida adotada pela administração republicana.
Os Estados Unidos têm a maior população obesa do mundo, com cerca de 40% dos adultos afetados. Em alguns estados-chave que apoiaram Donald Trump nas últimas eleições, o índice é ainda maior. Essas diretrizes se alinham à intenção declarada pelo governo republicano de proteger os interesses financeiros dos contribuintes.
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Tommy Pigott, o governo entende que as novas regras reforçam a prioridade de resguardar os recursos do contribuinte americano, já que, nas palavras dele, “não é segredo que o governo Trump prioriza os interesses do povo americano”.
Outras mudanças tornam o processo mais rigoroso
As diretrizes chegam acompanhadas de novas exigências. Estudantes e intercambistas, por exemplo, deverão manter seus perfis de redes sociais públicos durante toda a análise do pedido de visto, permitindo que autoridades verifiquem postagens, vínculos e comportamento online.
Outra alteração é o aumento da taxa de emissão de vistos, que passou de US$ 185 para US$ 250, encarecendo o processo para todos os solicitantes de imigração permanente.
Além disso, entrevistas presenciais tornam-se obrigatórias para um número maior de candidatos, ampliando o escrutínio das informações apresentadas. Há também o alerta de que vistos podem ser cancelados caso declarações públicas de estrangeiros sejam consideradas contrárias à política externa americana — incluindo posicionamentos sobre Israel.
Embora não haja uma data oficial para a implementação completa das novas diretrizes, embaixadas e consulados já foram orientados a adotar avaliações mais rígidas de imediato, preparando o terreno para a aplicação integral das mudanças nos próximos meses.