Rússia e Ucrânia terminaram a segunda rodada de negociações sobre o conflito que teve início na última quinta-feira (24), após quase três horas, nesta quinta-feira (3). Dessa vez, os países concordaram em montar um corredor de fuga para os civis. A informação foi divulgada inicialmente pela agência de notícias russa Tass e confirmada por autoridades ucranianas. “As partes chegaram a um entendimento sobre a criação conjunta de corredores humanitários com um cessar-fogo temporário”, disse o conselheiro presidencial da Ucrânia Mykhailo Podolyak.

Os corredores humanitários são áreas consideradas seguras, pelas quais civis poderão escapar. Não foram divulgados detalhes sobre quando, onde e como eles vão funcionar na Ucrânia.

A estratégia foi usada em conflitos recentes, na Síria, em 2016, organizações internacionais, a ONU (Organização das Nações Unidas) e os Estados Unidos alertaram que a retirada da população de determinadas regiões poderia deixá-las mais vulneráveis. No caso da Ucrânia, deixar as áreas vazias pode facilitar o deslocamento de tropas e a ocupação militar russas.

“Por exemplo, no conflito entre forças congolesas e rebeldes em 2008, na província de Nord Kivu, na República Democrática do Congo, corredores humanitários instituídos pelas forças de manutenção da Paz da ONU, em parceria com os beligerantes, foram acusados de facilitar o acesso a armamentos na região”, diz Lucas Carlos Lima, professor de direito internacional da UFMG.

Apesar do acordo entre os países, o sul da Ucrânia amanheceu sob bombardeio. Por volta das 17h (horário de Brasília, 22h em Kiev), sirenes foram ouvidas em diversas regiões. Além disso, permanece a tensão na capital Kiev, e nos últimos dias, um comboio com mais de 60 km de veículos militares russo se aproximava lentamente do município, que tem 3 milhões de habitantes.