
O Vaticano divulgou nesta segunda-feira (8) um documento intitulado “Dignitas Infinita“, aprovado pelo Papa Francisco e elaborado pela ala mais conservadora da Igreja Católica, liderada por bispos da África. Neste documento, a instituição religiosa classifica as cirurgias de mudança de sexo, o aborto, a eutanásia e até mesmo a prática da barriga de aluguel como “ameaças graves à dignidade humana”.
Essa nova postura surge em reação a outro documento lançado há quatro meses pelo Vaticano, no qual o Papa autorizava padres a concederem bênçãos a casais do mesmo sexo dentro das igrejas. Segundo comunicado, o cardeal Victor Manuel Fernández, chefe do Gabinete de Doutrinamento do Vaticano e responsável por divulgar o novo documento, o Papa Francisco solicitou que os bispos também abordassem temas como pobreza, situação dos migrantes, violência contra as mulheres, tráfico de seres humanos, guerra e outros, como ameaças à dignidade humana.
Sobre barriga de aluguel, o Vaticano declara que essa prática viola a dignidade tanto da mulher gestante quanto da criança, relembrando as palavras do pontífice que a chamou de “desprezível” e solicitou uma proibição global.
Já em relação à mudança de gênero, os bispos afirmam no documento que qualquer intervenção de mudança de sexo, em regra, coloca em risco a dignidade única que a pessoa recebeu desde o momento da concepção.
Quanto a aborto, eutanásia e pena de morte, a declaração reforça a condenação permanente do Vaticano a essas práticas, citando não só o Papa Francisco, mas também seus antecessores Bento XVI e João Paulo II, além de documentos anteriores da instituição.
O documento classifica ainda o abuso sexual como uma ameaça à dignidade humana, reconhecendo que é um problema generalizado na sociedade, inclusive dentro da própria Igreja Católica. Da mesma forma, a violência contra as mulheres, o cyberbullying e outras formas de abuso online também são categorizadas como ameaças à dignidade humana.