A distribuição de lucros da Petrobras no ano passado expõe a irresponsabilidade do governo com a economia
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Opinião

A distribuição de lucros da Petrobras no ano passado expõe a irresponsabilidade do governo com a economia

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Atualizado há

Petrobrás
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A política de preços da Petrobras é o modo como o monopólio estatal altera o preço dos combustíveis vendidos em suas refinarias. Em 2016, passou por alterações durante o governo tampão de Michel Temer, passando a fazer uso do Preço de Paridade de Importação (PPI) para a definição de reajustes. Os preços dos combustíveis brasileiros passaram a variar de acordo com as cotações da commodity e seus derivados nos principais mercados mundiais. Sem nenhuma proteção, a economia doméstica passou a absorver os riscos cambiais e as alterações com a elevada volatilidade presente nas cotações do petróleo.

Além dos riscos inerentes ao cenário global, o conturbado governo do Presidente Bolsonaro deixou a companhia que é de extrema importância para o desenvolvimento da sociedade, nas mãos de gestores ligados ao mercado financeiro que aproveitaram do mecanismo da paridade e abusaram do poder da concentração da oferta para aumentar os preços dos derivados, com objetivos claros para favorecer aos acionistas da companhia e com graves impactos nas demais cadeias produtivas. O sufocamento da sociedade somente foi percebido pelo governo quando se aproximava das eleições, e buscando artifícios breves para reduzir o valor apenas da gasolina por ser sensível na percepção do consumidor individual. Saliento que o diesel representa aproximadamente 54% da receita da companhia e não sofreu reduções bruscas, o que garantia o lucro da companhia e os repasses dos elevados dividendos aos sócios. Valores jamais praticados na historia do mercado brasileiro e raro até nas grandes economias capitalistas mundo afora.

Um levantamento da plataforma TradeMap indicou que os dividendos distribuídos pela Petrobras (PETR3;PETR4) entre janeiro e dezembro de 2022 superaram a soma dos proventos pagos por todas as outras empresas listadas na B3. É sabido que a companhia com os dois ativos representa aproximadamente 12% do volume negociado na B3, ficando atrás da Vale3 com 15%. Completam o Top 5, Itaú, Bradesco e Banco do Brasil respectivamente, todos atrativos por ter uma boa politica de remuneração aos investidores. É bom informar que a B3 tem quase 400 empresas com capital aberto e todas obrigatoriamente distribuem lucros, obviamente quando alcançam.

De acordo com o estudo, o volume de dividendos distribuídos pela Petrobras somou R$ 194,6 bilhões no ano passado, enquanto todas as demais companhias depositaram R$ 193,4bilhões no mesmo período. Esse indicador pode caracterizar a irresponsabilidade como a companhia foi conduzida, assim como os efeitos sobre toda a estrutura produtiva. Volto a enfatizar que foi o maior valor nominal já pago por uma empresa de capital aberto no Brasil. Somente para efeito de comparação a mineradora Vale (VALE3) foi à segunda empresa que mais distribuiu dividendos no período, somando R$ 34,2 bilhões.

O que mais chama atenção é que a empresa passou a fazer desinvestimentos e o aumento dos lucros foi na contramão da economia brasileira que presenciou grandes empresas contabilizando prejuízos e as pequenas e medias encerrando as atividades. Posso afirmar que a lucratividade elevada de empresas estratégicas de base é um freio para as demais atividades produtivas, e isso demonstra que setores que por natureza não tem competição não pode ter controle privado, mesmo porque os objetivos são para a companhia e não para os demais agentes sociais.

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.

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Você sabe o que é “Gestão por Excelência”?

Artigo por Tales Calegari, Diretor de Convênios e Parcerias do Município de Jundiaí.

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Tales Calegari, Diretor de Convênios e Parcerias do Município de Jundiaí, explica sobre Gestão por Excelência.
Foto: Arquivo Pessoal

Gestão por Excelência: Esse é um tema cada vez mais presente no mundo corporativo que tem criado grandes oportunidades no mercado de trabalho e se aproximado, também, da Administração Pública. De maneira muito simplista, a Gestão por Excelência tem por objetivo aprimorar a eficiência e a eficácia organizacional através de práticas e técnicas que visam melhorar a qualidade de produtos…

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Opinião

O futuro dos idosos: desafios e soluções

Artigo escrito por Miguel Haddad

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Idosos dançando em par
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O envelhecimento populacional é uma realidade inegável, e suas repercussões já são percebidas de maneira contundente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2050, cerca de 2 bilhões de pessoas terão mais de 60 anos, representando um quinto da população global. No contexto brasileiro, dados do Ministério da Saúde alertam para a crescente proporção de idosos, prevendo…

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Opinião

A direita antipatriota continua vendendo o Brasil para a China comunista

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Dois homens iniciando um aperto de mãos com uma bandeira da China e uma bandeira do Brasil em cima de uma mesa
Foto: Canva Pro

Uma suposta ameaça comunista no Brasil é frequentemente levantada pela direita para, com frequência, justificar ações autoritárias e ameaças à democracia. Essas ideias vagas ainda têm força, mesmo sem histórico de um “projeto comunista” que tenha chegado a ameaçar o Estado brasileiro. Diante da dificuldade de construir planos consistentes para avançar o Brasil, usam a pecha do anticomunismo como um ponto de unificação das direitas na sua diversidade.  O discurso…

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Opinião

Privatização de setores estratégicos, ameaça à democracia, o desenvolvimento e a liberdade

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva Pro

O professor e historiador Donald Cohen, lançou a obra "Privatization of Everything" com uma forte reflexão sobre o papel do setor privado na sociedade global.  Para ele a privatização de empresas estratégicas nada mais é que entregar à iniciativa privada a autoridade, o controle e o acesso a bens públicos, muitas vezes extremamente necessários à população. O especialista também mostrou…

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Opinião

Dia da Indústria: CIESP Jundiaí alerta para desafios e destaca importância da educação

O Dia da Indústria reflete a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Marcelo Cereser, diretor do CIESP Jundiaí, durante evento oficial, vestindo um terno escuro e camisa clara, expressando seriedade.
Foto: Divulgação/CIESP Jundiaí

No próximo sábado, 25 de maio, o CIESP Jundiaí comemora o Dia da Indústria, uma data que convida todos os empresários a refletir sobre a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A indústria é um dos pilares fundamentais da economia nacional, gerando empregos, inovação e crescimento. No entanto, enfrentamos, diariamente, desafios significativos que precisam…

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