Foto: Canva Pro
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A World’s Best Cities é um ranking anual realizado pela consultoria Resonance.  O levantamento é considerado um dos mais completos do mundo por diversas agências de avaliação, inclusive a incontestável Bloomberg. Esse relatório revelam as melhores cidades do mundo e inclusive aponta os atributos quais são analisados para a classificação. Londres é a campeã, e no top dez é seguida por mais cinco pares do continente europeu, duas asiáticas, uma da América do Norte e Dubai no paraíso dos petrodólares.

O capital social é o fator mais relevante nessas particularidades, basta observar que Londres se destaca por clima, meio ambiente, segurança, conservação de marcos, diversidade populacional, prosperidade financeira, infraestrutura, programação cultural e publicidade na internet de atividades de destino o que aumenta a conectividade e a disseminação de ideias positivas na cidade cosmopolita. A qualidade do clima não pode ser atribuída à geografia, mesmo porque essa região já foi referência em maus tratos ao meio ambiente, como poluição de agua e baixa qualidade do ar. Essa sociedade livre e com formação crítica desenvolveu forças transformadoras capazes de impor aos agentes públicos e privados códigos de condutas fortes e com vigilância permanente e até punição moral para quem ousar transpor os limites.

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Nessa listagem duas cidades brasileiras se destacaram no top 100, São Paulo e Rio de Janeiro e os pontos fortes estão presentes nas manifestações culturais, promoção de grandes eventos e na sensibilidade dos seus habitantes, atributos adquiridos dada as relações humanas diversificadas e o acaso. Ambas obtiveram notas negativas em clima e preservação ambiental apesar da boa localização geográfica. A capital paulista é cercada por montanhas e com grandes rios cruzando seu território, enquanto a carioca ostenta um vasto litoral e é arrodeada de serras maravilhosas. Segurança é uma epidemia nas sociedades coisificadas e agravada em regiões com níveis de rendas baixo para a maioria da população, uma característica comum nessas gigantes do Brasil. O poder público tem mãos firmes nessas áreas, entretanto a seriedade é o pecado e o que apresentam para a coletividade são indicadores pífios de serviços essenciais, os quais são fundamentais na formação e sustentação dos atributos intangíveis.

Nessa linha de classificar cidades, o Brasil também faz seus apontamentos através de órgãos estatais e algumas consultorias privadas nacionais, no entanto com foco em fatores como atração de investimentos, empreendedorismo e empregabilidade. É importante porem, camuflam problemas sociais crônicos, como os quais a Resonance apontou. Basta observar que cidades como Barueri e Osasco se destacam em criação de vagas de empregos para jovens, mas sem programas consistentes para a criação de capital social capaz de revolucionar a região. A atração de investimentos produtivos nessas regiões não permite a prosperidade financeira, pois a massa salarial atende apenas a subsistência e nessa batalha o cidadão aceita as condições impostas, pois não tem a liberdade para reivindicar aquilo que os londrinos têm como elementar para a qualidade de vida.

Como somos uma sociedade capitalista em formação, será necessária a mão visível do Estado para moldar o sistema, pois está ganhando características de canibalismo, basta observar os exemplos de grandes empresários fraudando documentos para ludibriar os credores. E a falsa percepção de riqueza ao trocar a personalidade jurídica nas relações de trabalho. A cidade de São Paulo pode ser o espelho nessa revolução brasileira, dada à quantidade de atividades culturais e de negócios promovidas às quais vão moldando a consciência de sua enorme população.