A poderosa Standard & Poor’s aponta sinais positivos na economia brasileira

As últimas décadas do século XX foram determinantes para a modelagem da ordem mundialvigente e a acumulação financeira condicionando àprodutiva e dando origem a um tipo de capitalismo com menor dinamismo e maior instabilidade quando comparado ao sistema vigente no pós-guerra e, além disso, inverteu o sentido de determinação das crises que passaram a originar-se na órbita financeira deslocando-se a partir daí para o plano produtivo o que faz aumentar a volatilidade dos mercados, dada a facilidade de mobilidade do capital financeiro. 

As agências de classificação de riscos surgiramnesse novo ecossistema e são especializadas emmonitoramento das atividades financeiras de diversas instituições públicas e privadas, avaliando o nível do risco de crédito. Apesar da grande quantidade de instituições que estão habilitadas a fazerem essas análises, apenas três se destacame determinam as variações na demanda e oferta de ativos e dessa forma podem fomentar crises ou estimular o crescimento econômico de uma nação e consequentemente das empresas que atuam nesse território, pois é o radar dos grandes fundos de investimentos. 

As americanas Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s detém aproximadamente 95% do mercado global de análise de riscos, mas apesar do caráter independente demonstraram subordinação, poisrecuaram de cortar o rating AAA (mais alta qualidade) quando o teto da divida do governo federal do EUA chegou a U$$ 2,4 trilhões de dólares em agosto de 2011, apesar do grande risco de moratória. A submissão aos interesses do país onde estão sediadas ficou escancarada, pois nem sequer relataram o breve risco de default com aspossiblidades do parlamento estadunidense não aprovar nesse ano á bagatela de U$$ 31 trilhões de dólares para o Estado honrar seus compromissos. 

O Brasil apesar do histórico de calotes conquistou tão sonhado grau de investimento pelas agências internacionais Fitch Ratings e Standard & Poor’s pela primeira vez em 2008 e em 2009, conseguiu a classificação pela Moody’s. Esse carimbo era exatamente o que faltava para facilitar a vida financeira do governo e das empresas locais,mas infelizmente a conquista nem deu tempo pra comemorar, pois diante da falta de sintonia do executivo com os demais poderes da Republica, durante o segundo governo Dilma, foi o suficiente para perder o grau de bom pagador e a derrocada da economia estimulou até a substituição do Chefe do Executivo e nada mudou, pois o abismo institucional estava instaurado e pelo visto está sendo contido pela atuação firme das instituições do Estado brasileiro. 

Economistas, empresários, operadores de mercados e os agentes do governo brasileiro foram surpreendidos com a avaliação positiva da Standard & Poor’s para a economia do Brasil. O crescimento do produto interno bruto, queda na inflação e a trajetórias fiscal e monetária controladas no futuro próximo e o compromisso do parlamento com a reconstrução do país, são sinais de estabilidade e o suficiente para a S&P revisar sua perspectiva para a nota do Brasil de estável para positiva, com o rating de crédito soberano reafirmado em BB-/B que demonstra baixo grau de especulação nos ativos domésticos.Obviamente as duas irmãs vão seguir a rota da S&P como ocorreu no segundo governo Lula. O debate de ideias tem e deve continuar, entretanto o proposito tem que ser absolutamente o progresso da Nação e o bem estar de seus habitantes. Será que o Lula é um homem de sorte ou é um gestor que transmite confiança?

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.