
O consumo tornou-se um imperativo na sociedade atual. Criou-se todo um aparato para que a economia de mercado consiga progredir desenfreadamente por intermédio do consumo irracional e as consequências negativas são inúmeras para os ecossistemas natural e social. Vai muito além do que o pensador judeu/alemão Karl Marx observou em sua época, um simples fetiche pelo consumo.
O mercado criou uma obsessão pelas marcas, levando o cidadão a deixar de consumir o produto em si, mas o seu apelo provocador, criando a sensação de felicidade, poder e pertencimento. O consumo de bens de luxo sempre foi sinônimo de status, mas, os estímulos provocados pelo marketing vêm disseminando uma ideia vaga de inclusão no topo da pirâmide
social.
Essa imposição de diferencial definido apenas por um padrão já contaminou também os bens de primeira necessidade, ao atrelar o produto a selos dotados de uma carga simbólica de superioridade, apenas para enganar o consumidor.
O ser humano passou a ser tratado como uma mercadoria pelo sistema capitalista predatório, sendo descartado mediante a queda no poder de compra. Uma correlação complexa, mas deve ser debatida a exaustão na sociedade atual, justamente por destruir pilares sólidos que sustentam a convivência coletiva. Os estudos do Filosofo Polonês de origem judaica Zygmunt Bauman demonstra essa contrarrevolução das relações humanas, classificada por ele como modernidade líquida, nessa lógica, o sujeito é aquilo que ele consome.
Os avanços das tecnologias da informação vêm provocando uma revolução no comportamento das massas, a velocidade das informações tem provocado um imediatismo em tudo, inclusive na logica da acumulação de capital e essa busca urgente por protagonismo breve vai devorando os valores que mantem a sociedade em equilíbrio constante. A busca por conquistas materiais levam as pessoas a acreditar em milagres da multiplicação no mercado financeiro, adquirem produtos com origem duvidosa, jovens são recrutados pelo crime organizados com a esperança de que vão conquistar o padrão ostentação.
Esse modelo de prosperidade é predatório, pois ao expor casos raros de sucesso, além de camuflam o horror da decepção, empurra uma manada de sonhadores para o caos e a violência nos seus diversos tipos tem a origem nessa coisificação da vida, é o “Deus Mercado” negociando nossas almas.
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Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.