
Sou Palmeirense. Daqueles que não sabem o nome dos jogadores do time. Mais um simpatizante do que um torcedor. Nos meus doze ou treze anos havia um garoto nas imediações de minha casa que sabia tudo sobre futebol. Era vidrado no Palmeiras, naquela época da Academia com Ademir da Guia e Companhia.
Quando falava do Palmeiras os olhos dele arregalavam. Foi o responsável pela minha escolha de torcida. O Palmeiras é time grande, de muitos títulos. Embora a persistente resenha de que não possui um título mundial, é um campeão.
Nós brasileiros somos ufanistas, queira pela história sofrida do povo, queira pela sua formação difusa, nos apegamos a títulos. Nos sentimos melhores por sermos Penta Campeão de Futebol. Felizes por títulos de campeão em muitos outros esportes.
Mas existe um título que não nos deixa nem um pouco felizes. O de Campeão Mundial de Acidentes do Trabalho. Estamos entre os quatro países que mais acidentes e óbitos ocorrem em função do trabalho, juntos com a China, a Índia e a Indonésia. De 2012 a 2020, houve a morte de 21.467 de profissionais brasileiros, o que representa uma taxa de 6 óbitos a cada 100 mil empregos formais nesse período, aponta o Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, elaborado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional
do Trabalho (OIT).
Neste período, foram registrados no Brasil 5,6 milhões de doenças e acidentes de trabalho, que geraram um gasto previdenciário que ultrapassa R$ 100 bilhões. Só no ano passado foram registrados cerca de 700 mil acidentes de trabalho. Deste total, 80 mil ocorrem nos setores da indústria extrativa e construção civil e exploração agropecuária, que são atividades que envolvem diretamente as áreas da engenharia e agronomia.
Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgados em 2013, apontam que 2 milhões de pessoas morrem por ano por conta de doenças ocupacionais no mundo. Já o número de acidentes de trabalho fatais chega a 321 mil, ao ano. Neste panorama, a cada 15 segundos, um trabalhador morre em decorrência de doença relacionada ao trabalho.
São pessoas que foram mutiladas, que perderam sua capacidade parcial ou total para o trabalho. São vidas que foram ceifadas. Famílias que foram destruídas. E o que eu e você Engenheiro tem a ver com isso? Qual a nossa participação como gestores, empresários, como formadores de opinião, na alteração deste triste cenário? Não podemos admitir que se trata de mera fatalidade.
Todo o nosso esforço deve ser no sentido de oferecer um local de trabalho seguro. Investir em treinamentos, participar de discussões técnicas sobre o tema, ter e propagar a consciência de que investimento em segurança do trabalhador não é custeio.
Artigo por José Carlos de Souza, Engenheiro de Segurança do Trabalho pela FAAP, Mestre em Administração pela FACCAMP, Professor e Coordenador da Pós Graduação do SENAC – Jundiaí – CREA 2300023535.

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