Jair Bolsonaro
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Criar problemas e depois oferecer soluções é uma das diversas estratégias utilizadas pelos governantes populistas para ludibriar as massas, pois sabem que a sociedade ao ser afetada vai cobrar uma ação breve. O governo Bolsonaro abusou dessa ferramenta, basta analisar o período que foi marcado por crises, as quais o Presidente sempre esteve no epicentro, mas buscava formas de transferir as responsabilidades e depois por pressão dos demais poderes atendia as demandas, mas com o discurso incisivo de que estava fazendo um favor para a sociedade e com isso apostando na construção de seu capital político.

O Chefe do Executivo brasileiro também é um especialista em usar a técnica da distração para fazer com que aceitemos uma medida impopular. Ele vai adotando gradualmente em conta-gotas, e quando percebemos a boiada já passou. A realidade paralela inventada pelo ocupante do Palácio do Planalto conduz as pessoas a viver uma ilusão e passam até a duvidar do obvio. Os passeios de motos, os atritos com a imprensa, as polêmicas em suas aparições públicas e a negação a crimes de corrupção em seu governo e na estrutura de sua família são formas de desviar a atenção do público dos problemas relevantes. A inundação com essas contínuas distrações tendo ele como ator principal e os excessos de informações insignificantes nas redes sociais ocupam o tempo das pessoas evitando a reflexão e uma possível revolta.

A crise da Covid a qual o governo tratou com desprezo e até tentando influenciar o diagnóstico e até mudar atestados de óbitos para evitar a pressão social. Como solução imediata contrariou a ciência com a ajuda de técnicos em medicina e promoveu um tratamento precoce ineficaz e tentando empurrar as massas para o abismo. Quando resolveu comprar a vacina o genocídio já era uma realidade. Ao ser indagado sobre essa crise, retruca alardeando que trouxe a solução, dando a entender que pagou com o próprio dinheiro, até entendo, pois vive a euforia de que o Brasil é de sua propriedade.

Dentre as desgraças que nos assolam, vou abordar uma que o Presidente está utilizando como realização de sua gestão. O preço da gasolina, cansamos de ouvir o Bolsonaro dizer que a solução não estava com dele. Pois bem, chegou a R$ 10,00 o litro, e ai veio o milagre, a campanha para a reeleição e a redução do valor do produto foi muito rápida. Até o momento não mexeu um centavo no preço do diesel, e os transportadores mesmo insatisfeitos não reclamam, pois estão anestesiados com a propaganda enganosa de um governo que usa as estatais de base para transferir sutilmente a renda da classe trabalhadora para os ricos. Vou encerrar esse relato alertando para a taxa de juros básica da economia, que deu uma trégua na alta, mesmo com a economia rumo a uma depressão. Passando a eleição os efeitos dessas medidas populistas podem terminar de arrebentar o que ainda resta de fundamento macroeconômico, pois juros elevados e moeda doméstica desvalorizada são diagnósticos de uma grave patologia. “É sem dúvida mais fácil enganar uma multidão do que um só homem”. Heródoto –  485 A.C.

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Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.