
A Petrobras divulgou mais um lucro exorbitante e junto à distribuição de dividendos aos nobres acionistas. Nesta noticia a única novidade foi à ausência do espetáculo dantesco do Presidente da República, pois como estratégia para enganar a sociedade criticava os resultados financeiros da empresa, fingindo que estava cuidando dos interesses do povo e contra os poderosos. Atualmente o Presidente está interessado no repasse de dividendos da companhia para o cofre da Nação, os quais serão utilizados para financiar a campanha a reeleição.
O Chefe do Executivo Federal e seu Ministro da Economia passaram a ver a estatal como uma joia e não como o estorvo que sempre classificaram. Guedes com seu discurso ufanista chegou a dizer que a companhia não vale um centavo de dólar e o Bolsonaro classificou-a como um
problema grave e que gostaria de privatizar (entregar), pois dava muito trabalho para gerir.
O Paulo Guedes é um abutre do mercado financeiro e cumpre sua missão exatamente como prometeu aos financistas, ou seja, destruir as bases estratégicas da Nação entregando para exploradores estrangeiros e por ironia com o aval do Chefe que continua repetindo que é militar e patriota e não sabe nada de economia, mas tem habilidades apenas para manusear uma arma de fogo, apesar de nunca ter combatido em nenhuma batalha e ser expulso das
Forças Armadas por ser desprovido de confiança.
A receita da Petrobras em exploração e produção alcançou R$ 101,001 bilhões no segundo trimestre deste ano, um aumento de 58,3% na comparação ano a ano. Uma análise minuciosa do numerário fica evidente a estratégia do governo em fazer barulho com a gasolina e esquecer o diesel, pois representa apenas 20% na receita da empresa, enquanto a venda de diesel corresponde a 52% do faturamento da gigante, portanto isso é mais uma demonstração da falta de compromisso dos mandatários com a sociedade. Os movimentos de queda nos preços dos combustíveis não atingiram o diesel e tem viés eleitoral por atender ao clamor dos
proprietários de automóveis de passeio.
Seria mais racional aumentar o preço da gasolina para subsidiar o diesel, obviamente por ser o insumo que movimenta produção de bens e serviços o que interfere diretamente no
custo de vida de toda a sociedade Os Constituintes reesposáveis e corajosos tiveram o cuidado de inserir um Artigo bem redigido na Constituição Federal, definindo o compromisso social da petrolífera. É também de caráter preventivo para evitar além da transferência de rendas para os financistas, o abuso do monopólio e a ingerência dos gestores públicos sem escrúpulos. E
transparente a falta de comprometimento com o Estado de Direito.
As petrolíferas do mundo todo tiveram lucros se aproveitando apenas do aumento do produto, mas como operam em sociedades ricas demonstraram responsabilidades e a manutenção do trato com as suas populações, ao invés de abusar do seu poder de negociação. A Chevron empresa privada norte americana e a britânica Shell distribuíram apenas 10% em dividendos para seus acionistas, o mesmo comportamento da Total, empresa de economia mista francesa, e o saldo reinvestido no realinhamento estratégico. Enquanto a Petrobras sufoca a economia com suas estratégias especulativas para bater recordes em lucratividade no setor e distribuir 30% do lucro aos seus acionistas, se beneficiando da isenção de impostos nesse tipo de rendimento.
A especulação é uma especialidade do Ministro da economia, nenhuma objeção a esse profissional, porem atuando no mercado com suas reservas financeiras. Mas nesse caso especifico, está atuando com uma empresa gigante no setor de petróleo em um ambiente no qual a mão do Estado deve ser firme para equilibrar as imperfeiçoes do mercado e não para atender os interesses dos carniceiros que atuam nos porões das bolsas de valores. Subsidiar gasolina com suas externalidades negativas graves e não interferir no preço do diesel é como patrocinar o consumo de bebidas alcoólicas e tributar alimentos e medicamentos.
Everton Araújo, é brasileiro, economista e professor.
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