
Os problemas econômicos fundamentais são os grandes desafios das economias e os sistemas de organização social da produção, são definidos para tentar solucionar entre as diversas possibilidades, o que e quanto produzir como tentativa de evitar os desperdícios de recursos, relativos em economias de livre mercado. Outros obstáculos que em economias planificadas são mais fáceis de resolver é a escolha de quais meios serão utilizados para produzir bens e serviços e para quem ofertar, entretanto nas economias de livre concorrência, são variáveis de riscos, o que dificulta as relações entre os agentes, governos, empresas e famílias.
A literatura da ciência econômica sustenta que uma economia em crescimento a curva de produção se desloca com a variação do total dos recursos produtivos ou da eficiência desses meios de produção, pois se alteram o máximo possível que se pode produzir de combinações. E as inserções dos avanços tecnológicos aumentam a produtividade dos fatores produtivos, o que dificulta e até impossibilita a previsibilidade dos burocratas da economia. No entanto os formuladores de politicas macroeconômicas adotam uma postura conservadora em ecossistemas econômicos em plena expansão, alegando riscos no controle da inflação, mesmo sabendo das incertezas em antever os eventos.
É sabido que a aplicação de politica monetária e fiscal contracionista inibe a crescente importância dos ativos financeiros (crédito) na riqueza das famílias, o que é determinante no descolamento entre os gastos e a renda corrente. Esse controle estatal leva a propensão a consumir a ser uma função estável da renda e desestimula o investimento privado, variável importante para o crescimento sustentável, além de deteriorar o gasto público, forçando o governo a tributar ainda mais os contribuintes. Percebo que ocorre uma falta de harmonia entre os burocratas do governo e o mercado produtor de bens e serviços, pois não posso e não devo acreditar que seja falta de conhecimento da literatura da economia.
É compreensível que existe uma subordinação ou até mesmo compromissos dos formuladores de politicas econômicas com os abutres do mercado financeiro, deixando em segundo plano quem gera riquezas para a nação. A preocupação em atender aos anseios do “deus mercado” é latente, pois criam apelos constantes para convencer as massas da importância do tal mercado e camuflam as necessidades reais de sobrevivência de milhões de pessoas. Alguns países da Ásia que estão avançando romperam ou nunca seguiram as doutrinas de economistas ocidentais, arquitetadas para manutenção da servidão dos países periféricos.
Na recente publicação do Produto Interno Bruto (PIB), uma análise do desempenho dos componentes da demanda, ficou evidente a motivação dos produtores com a alta dos investimentos, beneficiados pelo crescimento da importação de tecnologias, aumento da produção nacional de bens de capital, o desempenho da construção de novas unidades produtivas e, também, o desenvolvimento de software. Nessa onda de encorajamento dos empresários um levantamento do Bradesco aponta um crescimento nos anúncios de investimentos no Brasil. Conforme a pesquisa do Bradesco entre janeiro e julho de 2024, foram registrados 362 anúncios de investimentos, representando um aumento de 23,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No entanto para que essas manifestações do empresariado se realizem, será necessário que os formuladores de políticas passem a basear suas decisões no presente e não em “previsões econômicas”, que na maioria das vezes são incorretas, pois é impossível mensurar com precisão os movimentos da economia, dada à complexidade das mudanças, cada vez mais breve. Percebo que a ciência econômica não está conseguindo produzir “saber” para analisar e contextualizar esses deslocamentos nas economias capitalistas.
No atual cenário será melhor deixar a economia seguir seus fluxos e os formuladores apenas observar para se necessário corrigir as imperfeiçoes. Não é momento para acionar os freios dessa locomotiva, pois todo o conjunto da economia em funcionamento atende ao consumo das famílias, a variável mais importante da demanda agregada, capaz de manter a aceleração constante do crescimento.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí. Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário.