O impacto dos impostos na competitividade da indústria
Connect with us

Opinião

O impacto dos impostos na competitividade da indústria

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

Published

on

Atualizado há

Rafael Cervone, presidente do CIESP, escreve sobre O impacto dos impostos na competitividade da indústria
Foto: CIESP/Divulgação

A indústria, embora seja fundamental para que o Brasil tenha crescimento sustentado mais substantivo do PIB e ingresse no rol das economias de renda alta, tem enfrentado numerosas barreiras e recebido poucos estímulos ao longo das últimas quatro décadas. Um dos principais problemas é o excesso de impostos, pois paga mais do que os demais ramos de atividade.

A questão é ratificada, com números e dados precisos, pela pesquisa Custos das Disfunções do Atual Sistema Tributário e o Impacto pela Reforma Tributária, elaborada pelo Departamento de Tecnologia e Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp): em 2023, os ônus gerados pelas distorções do atual modelo de impostos foram de R$ 144,4 bilhões para o setor. Parte expressiva desse valor, que corresponde a 2,91% do seu faturamento anual, poderia ter sido aplicada, por exemplo, em investimentos em produtividade e tecnologia, em vez de alimentar o deficitário Estado.

A complexidade regulatória do sistema vigente e o desajuste de tributos indiretos, como PIS, COFINS, IPI, ICMS e ISS, são bastante danosos às empresas e oneram os consumidores, pois majoram os produtos nacionais e comprometem sua competitividade nos mercados interno e global. Daí a relevância da reforma aprovada pelo Congresso Nacional em 2023. A expectativa, conforme demonstra o estudo da Fiesp, é de que reduza em 77% os custos atuais da indústria de transformação, que recuariam para R$ 32,7 bilhões, algo em torno de 0,66% do faturamento do setor.

A emenda constitucional da reforma tributária estabeleceu avanços expressivos, como as propostas de não cumulatividade plena de impostos, uniformização dos regimes diferenciados e incentivados, não taxação das exportações e mais isonomia nos valores pagos pelos distintos setores de atividade. É crucial que o processo de regulamentação no Legislativo não introduza itens que anulem ou reduzam os efeitos desses aperfeiçoamentos.

Por isso, é preocupante constatar que as exceções em termos de isenções e taxações reduzidas incorporadas ao texto aprovado pela Câmara dos Deputados levarão a uma alíquota padrão em torno de 26,5%. Será o segundo maior imposto de valor agregado do mundo, atrás apenas da Hungria. É preciso rever essa questão no Senado, onde o projeto passa a tramitar. O intuito é o de que a maioria dos contribuintes arque com o justo para que todos paguem menos. Também é necessário realizar a reforma administrativa, que segue parada, porque é decisiva para melhorar o desempenho e o custeio do Estado e equilibrar o orçamento público.

Sem dúvida, o excesso de impostos é uma das principais barreiras enfrentadas pela indústria. A partir da década de 1950, o setor teve um impulso no País, chegando a representar 25% do PIB nacional, mas retrocedeu nas últimas quatro décadas. Tem sido afetado, além das distorções tributárias, por problemas como o “Custo Brasil”, dificuldades de crédito para investimento, insegurança jurídica, ciclos prolongados de juros elevados, desequilíbrio fiscal e falta de políticas de longo prazo para seu fomento.

A indústria de transformação responde hoje por cerca de 11% do PIB, embora arque com aproximadamente 30% do total de tributos, num claro desequilíbrio, conforme se observa na pesquisa da Fiesp. Os impostos desproporcionais e os demais fatores acima citados têm um peso muito grande numa atividade que, para atingir níveis elevados de produtividade, demanda altos investimentos em capacitação de recursos humanos, tecnologia, máquinas e equipamentos.

Tais problemas afetam e limitam os efeitos positivos dos dois planos lançados este ano, a Depreciação Acelerada, que favorece investimentos em modernização, e o programa Nova Indústria Brasil (NIB), que prevê financiamentos de RS$ 300 bilhões até 2026. Reduzir de maneira significativa os custos do setor é muito importante para promover sua modernização, competitividade e produtividade.

Os ganhos serão imensos para todos os brasileiros, pois uma indústria forte é um grande motor da economia. É uma atividade que gera empregos em grande escala, paga os melhores salários, investe em capacitação, exporta produtos de alto valor agregado, desenvolve tecnologia, reduz a dependência externa e contribui muito para a inclusão social e o bem-estar da população.

Rafael Cervone, engenheiro e empresário, é presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), e primeiro vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

Rafael Cervone, presidente do CIESP
Foto: Divulgação/CIESP

Opinião

O Futuro da Produtividade

Artigo por Elton Monteiro, empreendedor, mentor, investidor e especialista em IA

Published

on

Elton Monteiro, empreendedor, mentor, investidor e especialista em Inteligência Artificial
Foto: Arquivo Pessoal

Estamos à beira de uma revolução na produtividade global, impulsionada pela adoção massiva da Inteligência Artificial (IA). Empresas pioneiras que já abraçaram essas tecnologias estão experimentando ganhos de produtividade que antes pareciam inimagináveis. Em alguns setores, o impacto da IA tem sido tão profundo que empresas estão registrando aumentos de 20% a 40% na eficiência operacional. E, em casos ainda…

Continue Reading

Opinião

Imposto do Pecado para automóveis híbridos e flex é uma heresia tributária

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

Published

on

Rafael Cervone
Foto: CIESP/Divulgação

O Projeto de Lei Complementar (PLP) 68/2024, que regulamenta a reforma tributária, aprovado na Câmara dos Deputados no dia 10 de julho, contém um grave equívoco, ao incluir os automóveis, inclusive os flex e híbridos, entre os produtos abrangidos pelo Imposto Seletivo (IS). O argumento que fundamentou a decisão, de que motores a combustão são danosos ao meio ambiente, é…

Continue Reading

Opinião

A Nova Energia Elétrica

Artigo por Elton Monteiro, empreendedor, mentor, investidor e especialista em IA

Published

on

Inteligência artificial
Foto: Canva

Há pouco mais de um século, a energia elétrica começou a se espalhar pelo mundo, mudando como vivemos e trabalhamos. Hoje, a inteligência artificial (IA) surge com um potencial de mudança semelhante. Assim como a eletricidade, a IA se integrará em todos os aspectos da sociedade, transformando rotinas, economia e cultura. Antes da eletricidade, o trabalho era manual e o…

Continue Reading

Opinião

A revolução do diálogo em favor do desenvolvimento

Artigo escrito por Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP)

Published

on

Rafael Cervone, presidente do CIESP
Foto: Divulgação/CIESP

A Revolução Constitucionalista de 1932, corajoso movimento de São Paulo contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas e em favor do Estado de Direito, cujos 92 anos celebram-se em 9 de julho, contou com o apoio da indústria paulista. As fábricas alteraram suas linhas de produção para fornecer material às tropas. Nossas entidades de classe, à época unificadas, organizaram a…

Continue Reading

Opinião

IA não vai substituir nenhum emprego

Artigo por Elton Monteiro, empreendedor, mentor, investidor e especialista em IA.

Published

on

Elton Monteiro é empreendedor, mentor, investidor e especialista em IA
Foto: Arquivo Pessoal

Nos corredores das empresas e nas discussões sobre o futuro do trabalho, um temor recorrente é que a inteligência artificial (IA) irá substituir empregos humanos. No entanto, a realidade é mais complexa e menos apocalíptica. A IA, em si, não possui a capacidade de substituir ninguém. Em vez disso, a verdadeira transformação ocorre quando seres humanos visionários aproveitam as oportunidades…

Continue Reading
Advertisement