Jones Henrique Martins, Analista de Sistemas, Administrador e Diretor de Governo em Jundiaí.
Foto: Arquivo Pessoal

“Navigare necesse, vivere non est necesse.” Assim o general romano Pompeu encorajava marinheiros receosos diante das incertezas do mar. Nesse contexto, navegar seria uma ciência exata realizada por meio de ferramentas – como bússolas, na época, e satélites atualmente. As expedições marítimas simbolizam a natureza empreendedora do homem, onde viver significa evoluir sempre.

Os oceanos já não representam obstáculos, problemas e soluções se tornaram globais, mas a cidade, meio concreto onde vivemos, é o local onde pulsam as necessidades e os anseios que motivam as pessoas a criar. Nela, o empreendedorismo pode ou não encontrar terreno fértil para suas potencialidades econômicas, sociais e ambientais.

Uma criança apresentada a questões práticas relacionadas à educação financeira, tecnologia, mercados e preservação ambiental, por exemplo, serve como mola propulsora para o desenvolvimento de uma região. Tanto porque cresce com mais capacidade de administrar sua própria vida e empreender no futuro, quanto pela sua influência dentro de casa.

Em Jundiaí há algumas iniciativas importantes, como aulas de inglês, empreendedorismo e educação financeira já no primeiro ano das escolas municipais; criação do FAB LAB, voltado à prototipação de projetos e fomento à cultura maker entre os alunos; e realização da Science Days, em parceria com a NASA, maior feira de ciências do Estado de São Paulo. Esse foco na educação é base sólida para uma cidade justa e desenvolvida.

Com a crise causada pela pandemia do COVID-19, o ambiente para o desenvolvimento dos pequenos e médios negócios se torna uma necessidade ainda mais evidente, afinal, estes representam 50% dos empregos do Estado de São Paulo, segundo o SEBRAE, refletindo diretamente o nível socioeconômico. A inovação nas cidades passa por um conjunto de fatores propícios para enfrentar tal turbulência. Por parte dos governos, nunca foi tão importante desburocratizar, facilitar acesso ao crédito, capacitar, incubar, acelerar e estar em sintonia com boas iniciativas globais.

Como diretor de Governo da atual administração de Jundiaí, respondi pela implantação de um escritório de gerenciamento de projetos voltado a monitorar as entregas do município com qualidade e no prazo. Foram aproximadamente 180 projetos finalizados e entregues, que ajudaram a movimentar nossa economia. Um passo importante para o próximo prefeito será incluir um olhar voltado ao impacto econômico de cada ação na comunidade onde está inserida.

Nosso ciclo de debates do movimento “Inova, Política” realizará em sua próxima edição, na primeira quinzena de novembro, um painel voltado ao desenvolvimento econômico com foco no empreendedorismo. Sob o guarda-chuva “Inova, Cidade”, passaremos a pesquisar, discutir e atuar como agentes fomentadores de uma cidade inovadora a partir do trabalho conjunto entre poder público e setor privado. Buscaremos novas ideias e modelos de atuação com protagonistas de suas áreas.

Séculos depois do enunciado em latim que abre este artigo, se tornou muito famosa a adaptação “Navegar é preciso, viver não é preciso”, atribuída ao poeta português Fernando Pessoa. Se navegar é uma ciência precisa e viver se perde em um mar de incertezas, ambos se fundem quando o ser humano consegue colocar seu sonho em prática através de planejamento e realizações.

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