
“O passado e o futuro parecem-nos sempre melhores; o presente, sempre pior”. Essa frase do dramaturgo inglês William Shakespeare (1564-1616) é perfeita para contextualizar a convivência coletiva em uma economia de mercados. Guerra na Europa, genocídios na África, pandemia global provocada por um vírus desconhecido, extremismo politico, inflação globalizada, embate geopolítico entre EUA e China e crises politicas na América Latina são fatos reais, os quais estimulam especulações sobre causas e efeitos. As mídias nos inundam nossas mentes com noticias na maioria das vezes negativas e sustentadas por especialistas mais preocupados em promover o caos e fazer da violência um espetáculo de horrores. O excesso de informação torna o presente tenebroso, apesar de um passado que apesar de não melhor, mas consegue extrair sensações positivas e o futuro cheio de esperança de dias melhores.
No sistema de organização social capitalista, a economia é o centro de gravidade das relações humanas e as especulações movem a vida. As crises são da natureza do sistema, e quando a derrocada se aproxima todos os órgãos são afetados e a busca por um novo ponto de equilíbrio desorganiza a ordem estabelecida e surge um novo ordenamento globalizado. No entanto inflação, queda nas bolsas, desemprego, fome, conflitos bélicos e comerciais são consequências e não a causa dos desequilíbrios econômico.
Os economistas liberais nos mostram que o capitalismo é um processo histórico e econômico que não tem crescimento contínuo, o que seria desejável, mas um progresso bastante volátil, e que tem efeitos graves para a sociedade. No entanto se os riscos são inerentes ao modelo, nada justifica tantas discussões calorosas sobre determinadas variáveis, para exemplificar cito a mudança de um grupo politico ou a queda no poder de compra dos consumidores.
O Sistema é bom, sendo necessário, apenas, corrigir as suas imperfeiçoes, pois o homem ao modificar a natureza por meio de seu trabalho e faz com que o resultado de seu esforço se torne sua propriedade provocando uma deformação na estrutura. Embora tudo o mais seja comum a todos, o trabalho tende a transformar o que é coletivo em propriedade particular e os interesses deixam de ser partilhados e passam a ser privados. A sociedade se torna propriedade dos capitalistas e a economia passa a ter influencia total sobre a vida da humanidade. Essa mutação é um diagnostico do estado critico que se encontra toda a estrutura capitalista. Será extremamente necessário evitar substituir a essência de colaboração presente no sistema humanitário criado por Adam Smith, pela acumulação presente no capitalismo selvagem idealizado pelos magnatas materialistas que estão destruindo o fluxo circular de rendas na economia de mercado.
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Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.