
Brasil ano 1974, a empresa Volkswagen transnacional alemã fabricante de automóvel, veio a público para dizer que “orgulhosamente” havia queimado 4.000 hectares de floresta amazônica em poucos meses, para implantar uma fazenda de produção de bovinos, o que seria um modelo de sustentabilidade sócio ambiental. Para atrair os grandes empresários para a região o governo brasileiro criou uma estrutura burocrática especifica para tal aventura criminosa.
A Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) tinha o Banco da Amazônia como braço financeiro para subsidiar os grandes projetos do pseudodesenvolvimento da região. Os relatos de historiadores demonstram a face cruel dessas atividades irresponsáveis financiadas com dinheiro público e desenhadas por agentes corruptos do estado brasileiro.
Fevereiro de 2022, Brasil uma social democracia alinhada aos princípios de governança civilizada que garantem sustentabilidade a sociedade, a conferir. Infelizmente os sinais de desobediência são evidentes quando as instituições de Estado arranham seus códigos de ética para beneficiar aos amigos dos amigos do “rei”. Fazendeiros flagrados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) desmatando a Amazônia conseguiram empréstimos com dinheiro público a juros subsidiados para comprar tratores e outras máquinas agrícolas, apesar de seu histórico de reiteradas infrações ambientais.
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Os empréstimos foram concedidos pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e operados pelo banco John Deere, que é o braço financeiro da fabricante de máquinas norte americano que o controla e que vendeu os tratores. Meio século depois do famigerado projeto do governo do General Ernesto Geisel e de um conglomerado empresarial estrangeiro a historia continua com requintes de agro é tech.
Na história do País, os governos têm financiado continuamente a produção agropecuária e a divisão desses recursos sempre favoreceu os grandes proprietários de terras. Por exemplo, ao apresentar o Plano de Safra 2006/2007, o governo federal afirmou que o campo tem o desafio de “voltar a ser a locomotiva da economia e grande gerador de empregos, manter os expressivos saldos na balança comercial e continuar promovendo a interiorização do desenvolvimento e a inclusão social”.
Mas esse avanço social fica na ilusão das peças publicitarias e a contrapartida é a concentração de latifúndios e a destruição do meio ambiente patrocinada pelos recursos financeiros da sociedade. Esse é o Brasil terra maravilhosa, purgatório da riqueza, da beleza e do caos.
Everton Araújo, é brasileiro, economista e professor
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