
“É preciso fazer o possível já, não o ideal distante.” A frase do arquiteto e urbanista Jaime Lerner, conhecido pela revolução urbana realizada pela sua gestão como prefeito de Curitiba, define mais do que nunca o espírito necessário à gestão pública. Com a queda brusca na arrecadação que teremos em 2021, os prefeitos eleitos precisarão de criatividade para potencializar os resultados desejados, coragem para transformar as cidades e atitudes para combater o desemprego.
Lerner é pioneiro na criação de vias exclusivas para ônibus. Também concebeu os terminais-tubo – em que os ônibus param somente para embarque e desembarque, sem catracas, resultando em agilidade. O mundo todo hoje copia o sistema. As fortes críticas às mudanças no início das implantações não brecaram a determinação de plantar sementes de uma cidade-modelo.
No último governo, Jundiaí retomou a boa gestão administrativa e trouxe ferramentas tecnológicas para auxiliar na entrega dos projetos prioritários. A base está lançada para que a inovação seja mais do que aparatos de apoio à gestão, mas que esteja no centro da mentalidade de todas as áreas. Pensar digital hoje não está relacionado somente à internet, mas também a ações no mundo offline. Agir rápido, conectar ideias, pessoas, projetos e estar verdadeiramente aberto à construção coletiva.
A humanização da saúde, por exemplo, tem no prontuário eletrônico um mecanismo, mas não pode prescindir de mudanças nas políticas públicas. Muitas vezes a consulta fria e distante do médico prejudica o tratamento. Mudar a forma como um paciente é atendido em situações simples já pode ser o começo de feitos amplos. Mais do que nunca é preciso entender a dinâmica em que todos têm voz e contribuem mutuamente.
Lerner costuma exemplificar que a urbanização da favela começa no corrimão subindo o morro, o que parece contrastar com a morosidade como a política costuma acontecer no Brasil. Elaboração de Projetos sofisticados e estudos intermináveis, repletos de carimbos, muitas vezes ignoram necessidades mínimas da população.
A deterioração do mercado de trabalho exige ainda mais proatividade. Chegamos ao alto índice de 14,5% de desemprego e dados mostram a perda de 85 milhões de vagas até 2025. Surgirão novas vagas inerentes à automatização, porém exigirão mão de obra qualificada. As cidades inteligentes, nessa questão, devem permanecer atentas – com equipe destacada para pesquisa – e ofertar necessidades a serem demandadas pelo mercado.
Se a pandemia ensinou às pessoas a importância de poupar, aos políticos fica a lição inequívoca da finitude do recurso público, ao mesmo tempo em que são infinitas as formas de participação social na era da globalização e da velocidade da informação.
Jones Henrique Martins é Analista de Sistemas, Administrador público e Diretor de Governo em Jundiaí.
Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.