Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro
Foto: w3design/Canva

As flutuações econômicas são determinantes para o desequilíbrio nas curvas de oferta e demanda, naturalmente afetam com mais rigor as economias periféricas devido ao nível de dependência tecnológica, financeira e a baixa produtividade dos fatores de produção, características que dificultam uma reação breve.

A variável técnica é um gargalo muito complicado para solucionar, pois as nações que desenvolvem bens de capital utilizam também dessa vantagem para suprir suas carências de insumos vitais para seus parques industriais e assim manter a servidão. Porém quem ocupa o topo da pirâmide social nas nações subdesenvolvidas, não demonstram interesses em sair da submissão, pois esse estado é elementar para, continuar controlando o destino da maioria da população e a ostentação das suas conquistas materiais oriundas da exploração de recursos naturais fartos, do controle do orçamento público, da criação de regras alinhadas aos interesses das elites e da exploração de mão de obra barata e obediente.  

A falta de propósito da nobreza atrasada em investir na formação de capital humano capaz de desenvolver ciência e tecnologia e revolucionar os meios de produção, permitindo que a sociedade tenha mais capacidade de enfrentar as oscilações nos mercados globalizados é uma espiral para o aumento do exercito de miseráveis.

Essa sonhada revolução seria também uma prevenção para as crises domésticas, as quais são comuns em economias atrasadas como nos países da América pobre, pois são induzidas muitas vezes por vaidades das classes dominantes, convictas de que não haverá reação das massas, as quais acreditam que o voto vos libertará da opressão e da pobreza.

As oscilações na economia é um problema do sistema capitalista, ocasionado na maioria das vezes por falta de motivação dos empresários em investir e da sociedade em consumir e sem o estimulo do gasto público os efeitos na microeconomia serão nocivos, como desemprego, baixa produtividade, ajustes nos custos produtivos para garantir margens desencadeando o processo inflacionário. E por aqui sempre aplicam politicas monetárias tronchas, as quais estimulam a especulação elevando a dívida pública e sugando o sangue da massa assalariada e transformando lobos em corvos com estomago capaz de se adaptar a qualquer ecossistema.

Há uma grande oportunidade dos empresários para ocupar um espaço na reorganização mundial das cadeias de produção. Mas a maior parte da nossa indústria é desatualizada e as razões já foram citadas em parágrafos anteriores. O Brasil se fechou já no início da industrialização, para garantir mercado local aos seus protegidos, os quais na zona de conforto não se preocuparam em inovar para competir em igualdade de condições e ampliar a exposição de seus produtos e serviços.

As empresas têm que lidar com um manicômio tributário, regras instáveis, infraestrutura deficiente e mão de obra incapaz de absorver novas técnicas de produção. Mas, esse atraso é filho legitimo da burguesia nacional que diante de uma imensidão de recursos para explorar, pouco se interessaram em criar condições para se integrar ao mundo.

Esse processo de desintegração ocorre também internamente, e é um “salve-se quem puder”. Uma revisão na historia econômica do Brasil, nos leva ao entendimento de que o atraso é um projeto de Estado manobrado por quem sempre ocupou o topo da pirâmide social. 
A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto. Darcy Ribeiro, educador brasileiro e fundador da Universidade de Brasília. 

Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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