Brasília
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Agosto de 2016, Michel Temer disse que o Brasil não cabia no orçamento, com essa fala ele assumiu a cadeira de Dilma Rousseff, que foi expulsa do Cargo pelos ditadores do mercado, pois estavam insatisfeitos com a resistência da Chefa do Executivo em aprovar reformas ditas necessárias para o equilíbrio da economia. A grande missão do Temer era garantir aos rentistas a fatia maior do bolo e entre os objetivos naquele período trágico que estavam explícitos até  no slogan do novo governo “a ponte para o futuro”. Essa obra já começou  com os pilares de sustentação fragilizados, pois apenas alguns recebiam os materiais corretos e o desastre era perceptível até na maquete. Naquele momento a democracia começou a ser atacada em seus pontos sensíveis, pois as instituições ditas democráticas estavam renunciando dos princípios para atender aos interesses da elite capitalista atrasada, que esperam no Estado de democrático de direito, âncoras as quais sempre encontrou em outros modelos.

A equipe econômica montada por Temer foi fiel aos interesses dos financistas e a garantia era um “teto de gastos” o qual limitava as ações do governo em áreas importantes como educação e saúde. O esvaziamento das politicas sociais, a degradação da seguridade social e a retirada de direitos dos trabalhadores e de seus representantes demonstravam que a ponte para o futuro era uma pinguela para os pobres. Os efeitos estão evidenciados nos elevados índices de pobreza, desemprego, informalidade, ociosidade das empresas e na especulação descarada com os ativos de empresas estatais.

Os grandes capitalistas nacionais e seus mensageiros estavam satisfeitos com o plano econômico da equipe do Presidente Temer e sempre acreditando na possibilidade de manipular as massas para pressionar quando seus interesses não fossem atendidos. Não poderia ocorrer o milagre que prometeram, mesmo porque não incluíram o exercito de vulnereis nos gastos do governo, uma variável importante na formação do produto interno bruto (PIB). O gasto estatal estava disponível como garantias da manutenção dos privilégios da elite do setor público e dos credores do estado, os quais deveriam emprestar com mais responsabilidades, inclusive exigindo: contrapartidas sociais, diminuição das regalias no topo da pirâmide dos cargos públicos, redução na quantidade de municípios e aumento constante da produtividade. No entanto preferem manter esse circulo vicioso de usar o seu poder financeiro para pressionar o poder constituído a garantir a sua fatia do bolo não importando a gravidade para a maioria das pessoas.

A ditadura do capital avalizou o Bolsonaro no cargo mais elevado da Republica não por simpatia, mas pela ignorância do Capitão principalmente em economia. O ainda candidato Jair Messias já anunciava como gestor da economia um banqueiro muito esperto para cuidar do cofre. Esse abutre do mercado já encontrou o esquema pronto e seguiu o protocolo do governo anterior com muita disciplina e por muitas vezes sendo elogiado por Temer. O Chefe do Executivo que entregará o cargo no final do ano perdeu a simpatia com o mercado não por demostrar irresponsabilidade fiscal, para tentar se perpetuar no cargo. O que incomodou aos donos do sistema foram os acenos a ruptura institucional, o que certamente seria mais dispendioso para os donos do sistema financeiro.

O orçamento público poderá se equilibrar entre o fiscal e o social, mas é um desafio, pois os credores querem retorno sem riscos, algo impossível em economia de mercados. Como a globalização não avançou e as nações estão se reestruturando em blocos regionais, o Brasil com um consumo público de bens e serviços enorme, poderá se utilizar dessa vantagem para fomentar setores fundamentais para a recuperação da economia e estabelecer um modelo de desenvolvimento econômico diferenciado utilizando a abundância de recursos de produção que a Nação oferece e somando a isso a criatividade do brasileiro para nos transformar em uma sociedade competitiva e estabelecer nossas barreiras mercadológicas para proteger nossa terra.

Portanto o teto de gastos adotado por Michael Temer como uma medida providencial para equilibrar as contas naquele momento, foi uma cilada para a economia, pois tudo piorou inclusive ele deixou o governo com avaliação negativa e o atual presidente não se reelegeu. E pelo descontentamento dos especuladores, mediante as possibilidades de mudanças, apenas eles foram beneficiados com esse cheque em branco assinado pelo Tesouro Nacional. Já temos indicadores negativos suficientes para ilustrar a ineficácia desse instrumento fiscal e espero que os economistas encontrem uma solução urgente e inclusive cobrando contrapartes também aos pobres que por direito e humanidade estão sendo incluídos no orçamento.

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Everton Araújo é brasileiro, economista e professor.