Saneamento Básico: quando o Brasil fez a coisa certa
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Opinião

Saneamento Básico: quando o Brasil fez a coisa certa

Por Miguel Haddad.

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Atualizado há

(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Covid-19, guerra, inflação nas alturas, desemprego, nações divididas pelo discurso de ódio: nesse mar de dificuldades surge uma boa notícia para nos dar a esperança de estarmos, de alguma maneira, avançando. O Brasil está no caminho certo para, se não acabar de vez, pelo menos reduzir drasticamente uma das nossas maiores mazelas, responsável em grande parte pelo nosso atraso, que cobra um alto preço em termos de saúde, capacidade de aprendizado e mobilidade social à população brasileira: a crônica falta de saneamento básico.

O editorial do jornal O Estado de São Paulo de 7 de maio, intitulado “Liberdade ainda que tardia no saneamento”, traz dados que nos permitem ver com clareza essa calamidade nacional, que afeta principalmente a população mais pobre, contribuindo para a perpetuação da miséria, sem dúvida a principal chaga do País.

Segundo esse levantamento, quase metade da população brasileira não tem acesso à rede de esgoto, 35 milhões não têm água potável e mais da metade do esgoto coletado não é tratado. Diariamente, mais de 40 pessoas morrem e quase mil são internadas por doenças ligadas à falta de saneamento, como diarreia ou febre tifoide. Quase 40% da água encanada é desperdiçada e todos os dias são despejadas mais de mil piscinas olímpicas com dejetos nas águas brasileiras. 

Especialistas calculam que para cada R$ 1,00 investido em saneamento básico é gerado um retorno de até R$ 4,00 por meio de trabalho, valorização imobiliária, turismo e economia com a saúde pública.

Todavia, em grande parte devido ao modelo vigente até há pouco – de autarquias que monopolizavam o setor -, na última década os investimentos em saneamento básico em nosso País não chegaram à metade dos R$ 25 bilhões anuais estabelecido no Plano Nacional de Saneamento para atingir as metas de universalização, que consistem em água potável para 99% da população brasileira e coleta e tratamento de esgoto para 90% em 2033.

O fato é que a legislação vigente, que priorizava o modelo das autarquias públicas, dificultava sobremaneira o investimento privado no setor. Muitas pessoas em Jundiaí devem se lembrar das dificuldades que tivemos de enfrentar para viabilizar, no final da década de 1990, a PPP (Parceria Público-Privada), praticamente até então inédita no País, que tornou nossa cidade um modelo no setor e com certeza foi uma das medidas que alavancou o nosso desenvolvimento nas últimas décadas. 

Quebrar essa ineficiente reserva de mercado que caracterizava esse modelo somente foi possível com a aprovação em 2020 do Novo Marco do Saneamento, uma luta na qual, exercendo então o meu mandato de deputado federal, me empenhei – a PPP jundiaiense serviu de exemplo para deixar claro, de maneira irrefutável, os benefícios do modelo proposto pela nova legislação.

Os resultados do Novo Marco confirmam esse acerto: no primeiro ano após a sua regulamentação, os valores a serem investidos saltaram de R$ 3 bilhões para R$ 35,3 bilhões. No ano seguinte esse total já superava todo o montante investido em saneamento básico no Brasil até então. Segundo informações do Ministério do Desenvolvimento Regional, nesse período foram realizados nove leilões de concessão de serviços e cerca de R$ 72,2 bilhões em investimentos para o setor. 

As futuras gerações poderão contar com um bom começo para conduzir o Brasil no caminho certo. Isso não é pouco. Na verdade, é muito para um País carente de tudo, principalmente daquilo que nos dê esperança.

Miguel Haddad

Os artigos publicados pelos colunistas são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam necessariamente as ideias ou opiniões do Tribuna de Jundiaí.

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Você sabe o que é “Gestão por Excelência”?

Artigo por Tales Calegari, Diretor de Convênios e Parcerias do Município de Jundiaí.

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Tales Calegari, Diretor de Convênios e Parcerias do Município de Jundiaí, explica sobre Gestão por Excelência.
Foto: Arquivo Pessoal

Gestão por Excelência: Esse é um tema cada vez mais presente no mundo corporativo que tem criado grandes oportunidades no mercado de trabalho e se aproximado, também, da Administração Pública. De maneira muito simplista, a Gestão por Excelência tem por objetivo aprimorar a eficiência e a eficácia organizacional através de práticas e técnicas que visam melhorar a qualidade de produtos…

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O futuro dos idosos: desafios e soluções

Artigo escrito por Miguel Haddad

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Idosos dançando em par
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O envelhecimento populacional é uma realidade inegável, e suas repercussões já são percebidas de maneira contundente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), até 2050, cerca de 2 bilhões de pessoas terão mais de 60 anos, representando um quinto da população global. No contexto brasileiro, dados do Ministério da Saúde alertam para a crescente proporção de idosos, prevendo…

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A direita antipatriota continua vendendo o Brasil para a China comunista

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor universitário

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Dois homens iniciando um aperto de mãos com uma bandeira da China e uma bandeira do Brasil em cima de uma mesa
Foto: Canva Pro

Uma suposta ameaça comunista no Brasil é frequentemente levantada pela direita para, com frequência, justificar ações autoritárias e ameaças à democracia. Essas ideias vagas ainda têm força, mesmo sem histórico de um “projeto comunista” que tenha chegado a ameaçar o Estado brasileiro. Diante da dificuldade de construir planos consistentes para avançar o Brasil, usam a pecha do anticomunismo como um ponto de unificação das direitas na sua diversidade.  O discurso…

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Privatização de setores estratégicos, ameaça à democracia, o desenvolvimento e a liberdade

Artigo por Everton Araújo, brasileiro, economista e professor.

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Foto: Canva Pro

O professor e historiador Donald Cohen, lançou a obra "Privatization of Everything" com uma forte reflexão sobre o papel do setor privado na sociedade global.  Para ele a privatização de empresas estratégicas nada mais é que entregar à iniciativa privada a autoridade, o controle e o acesso a bens públicos, muitas vezes extremamente necessários à população. O especialista também mostrou…

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Dia da Indústria: CIESP Jundiaí alerta para desafios e destaca importância da educação

O Dia da Indústria reflete a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

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Marcelo Cereser, diretor do CIESP Jundiaí, durante evento oficial, vestindo um terno escuro e camisa clara, expressando seriedade.
Foto: Divulgação/CIESP Jundiaí

No próximo sábado, 25 de maio, o CIESP Jundiaí comemora o Dia da Indústria, uma data que convida todos os empresários a refletir sobre a importância do setor industrial para o desenvolvimento econômico e social do Brasil. “A indústria é um dos pilares fundamentais da economia nacional, gerando empregos, inovação e crescimento. No entanto, enfrentamos, diariamente, desafios significativos que precisam…

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