
Na manhã desta quinta-feira (8), Monique Medeiros – mãe – e Dr. Jairinho – vereador e padrasto de Henry – foram presos suspeitos da morte do menino de 4 anos de idade. O casal também teria sido acusado de atrapalhar as investigações e ameaçar testemunhas para combinar versões.
O caso aconteceu no dia 8 de março de 2021, na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio de Janeiro. Jairinho e Monique disseram à polícia que levaram o menino ao hospital depois que o encontraram caído no quarto, com os olhos revirados e dificuldade de respirar.
Os investigadores responsáveis pelo caso afirmam que o garoto foi assassinado, o que vai contra a versão do casal de que o menino teria caído. Essa possibilidade foi descartada com o laudo assinado pelo legista Leonardo Huber Tauil, que realizou duas autópsias no corpo de Henry, logo após a morte.
De acordo com o documento, a criança sofreu “múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores”, “infiltração hemorrágica” na parte frontal, lateral e posterior da cabeça, “grande quantidade de sangue no abdômen”, “contusão no rim” e “trauma com contusão pulmonar”. Dessa forma, foi constatado que a causa da morte de Henry foi “hemorragia interna e laceração hepática [danos no fígado] causada por uma ação contundente [violenta]”.
Uma das testemunhas, em depoimento, disse que Dr. Jairinho tentou impedir que o corpo de Henry fosse encaminhado ao IML. Segundo informações apuradas pelo jornal Bom Dia Rio, o vereador teria encaminhado uma mensagem a um alto executivo da área da saúde, pedindo “um favor”.
O executivo revelou que o vereador ligou quatro vezes para seu telefone. Ao atender, Jairinho teria falado sobre a morte do enteado em tom calmo e tranquilo. Menos de dois minutos depois, eles desligaram o telefone e o vereador mandou outra mensagem. Ele teria dado o nome da criança e escrito em seguida: “agiliza. Ou eu agilizo o óbito. E a gente vira essa página hoje”.
A polícia chegou a fazer, na semana passada, a reconstituição do crime, mas o casal se recusou a participar, alegando quadros de depressão. Na perícia realizada no apartamento, foram encontradas manchas de sangue em partes do papel de parede da sala e do quarto de Henry.

Sessão de tortura e salão de beleza
Segundo as investigações do 16ª DP (Barra da Tijuca), o padrasto da criança, vereador Dr. Jairinho, teria praticado pelo menos um sessão de tortura contra Henry Borel, semanas antes da morte da criança. Além disso, a mãe do menino sabia das agressões.
As autoridades também desconfiaram do comportamento de Monique após a morte de Henry. As investigações apontam que, no dia seguinte ao enterro do filho, ela teria passado a tarde toda em um salão de beleza, em um shopping. No local, três profissionais cuidaram das mãos, pés e cabelo de Monique, que pagou cerca de R$ 240 pelos serviços.
Ainda foi levantado que, para ir até a delegacia após a morte do filho, Monique chegou a trocar de roupa duas vezes, escolhendo um modelo inteiro branco para comparecer ao local.
Após o início da análise do caso, os policiais descobriram que o casal apagou conversas dos celulares, e suspeitam ainda que tenham trocado de aparelho. Dessa forma, o Instituto de Criminalística Carlos Éboli utilizou o programa Cellebrite Premium, de Israel e adquirido pela Polícia Civil no dia 31 de março, para recuperar o conteúdo excluído.
A defesa do casal ainda não se manifestou sobre as prisões, e Jairinho e Monique não falaram nada ao serem detidos.